CE - Falta de segurança assusta alunos

A marca de bala no portão do Departamento de Morfologia do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Campus Porangabussu, sinaliza o perigo enfrentado pela comunidade acadêmica diariamente. Naquela área do bairro Rodolfo Teófilo, as principais vítimas de assaltos são os universitários. Eles reclamam da situação e apontam que o problema vem se agravando devido ao policiamento precário.

No dia 6, bandidos roubaram uma farmácia e fugiram para o Departamento de Morfologia. A marca de bala sinaliza a tensão permanente. 

No último dia 6, por volta das 18h, dois homens roubaram uma farmácia da rede Pague Menos e fugiram para o Departamento de Morfologia. Os tiros deixaram as pessoas que estavam no prédio em pânico e um policial militar ferido. Somente um assaltante foi capturado.

"O fato aconteceu na hora que eu sempre fico sentada na entrada do departamento com as minhas amigas. Mas, no dia, a gente tinha saído mais cedo. Ainda bem", diz a estudante Daniele Castro, 23, que cursa Enfermagem na Universidade Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), mas tem aulas na UFC duas vezes por semana.

Não é preciso mais do que uma hora para conseguir diversos depoimentos de estudantes que já foram ou conhecem algum amigo vítima de assalto no Campus Porangabussu, onde funcionam os cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Odontologia.

Perigo

As ruas mais perigosas são Delmiro de Farias e Capitão Francisco Pedro, mas os crimes, segundo relatos, não acontecem apenas fora da universidade, nas proximidades do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). Além de roubar bolsas, celulares e furtar carros, os ladrões também agem nas dependências do campus.

"Há casos de alunos que sacaram dinheiro no Banco do Brasil, na Avenida José Bastos, e foram seguidos pelos assaltantes até os banheiros da universidade. A gente tem muito receio, porque qualquer pessoa tem acesso aos prédios", conta a mestranda Maritza Barbosa, 25 anos.

A universitária Paula Bruno Sousa Santos, 23, do curso de Farmácia, já foi vítima de assalto no campus quando falava ao celular, no momento em que estacionava o carro. "Foram dois homens de bicicleta, um veio me assaltar e o outro ficou dando cobertura. Ele estava armado e levou meu celular", conta, dizendo que a insegurança vem piorando a cada dia.

O aluno Lucas Carvalho, 22, que também estuda Farmácia, reconhece o problema, mas entende que não será resolvido apenas com a presença de policiais nas imediações do campus, tendo em vista que grande parte dos assaltantes é dependente químico e comete delitos para manter o vício. "Se polícia resolvesse o problema, os presos não sairiam dos presídios mais agressivos", destaca.

Ele informa que busca apoio dos Centros Acadêmicos (CAs) do campus e da UFC para formar uma assembleia e discutir a questão, levando o problema, inclusive, ao poder público. "Nós, estudantes de saúde, temos que lutar para reintegrar essas pessoas à sociedade, por meio do trabalho, esporte e arte", acrescenta.

Dificuldades

Conforme o diretor da Divisão de Vigilância e Segurança (DVS) da UFC, Silva Neto, a dificuldade no Campus do Porangabussu se dá, principalmente, por se tratar de um local aberto. Ele fala que já procurou a Polícia Militar para reforçar a segurança no entorno, mas pede aos universitários que evitem utilizar celulares nas ruas, deixar os carros em locais afastados ou objetos de valor nos veículos. "É difícil ter o controle da situação, contamos com poucos vigilantes e a universidade é aberta", declara.

O major Níbio Araújo, responsável pela segurança naquela área, admite que não tem sido fácil para a Polícia Militar inibir as ações dos criminosos. "As ocorrências são diárias, temos uma viatura que roda no local, mas também contamos com apoio ao Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio), porque o tráfego de veículos dificulta a chegada da viatura aos locais dos crimes a tempo", pontua.

RAONE SARAIVA
REPÓRTER