Fim da quadra chuvosa: açudes no Ceará atingem o melhor cenário hídrico desde 2013
42 açudes estão sangrando, 55 estão com volume acima de 90%, e outros 55 açudes estão com o volume inferior a 30%.
Autor Levi Aguiar
Castanhão, maior reservatório de água do Ceará, inicia o mês de junho com 23,41% de volume(foto: JÚLIO CAESAR)
Quadra chuvosa terminou com 42 açudes sangrando e 55 reservatórios com mais de 90% de aporte. Desde 2013 o volume total dos açudes cearenses não atingia tal marca, registrando baixos aportes sucessivos nos anos subsequentes
O Ceará vive uma situação hídrica confortável em relação aos anos anteriores de grandes secas. O volume total dos açudes cearenses não atingia uma posição tão confortável desde 2013, conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Atualmente, 42 açudes estão sangrando e 55 reservatórios estão com volume acima de 90%. Outros 55 açudes estão com o volume inferior a 30%.
Com o fim da quadra chuvosa no Ceará, os reservatórios monitorados pela Cogerh contabilizam volume de total de 7,10 bilhões de metros cúbicos (m³), valor que representa 38% da capacidade total de armazenamento de açudes estratégicos do Estado, segundo dados divulgados pela Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH).
O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, avalia o cenário como um dos melhores dos últimos anos: “Como a Funceme previu, as chuvas se concentraram dentro da média, inclusive continuando no mês de junho e aportando ainda os reservatórios. Isso faz com que aumentem as sangrias.”
O açude Orós, um dos maiores do Estado, chegou a quase 50% de aporte, o maior número desde o ano de 2014. A quadra chuvosa deste ano também possibilitou a recuperação parcial do açude Castanhão. O reservatório hoje registra marca de 23% de volume, quando no início do ano marcava pouco mais de 8%.
“Comparando com os momentos críticos que vivemos nas grandes secas, que se estabeleceram entre 2017 e 2021, onde chegamos a 7% das reservas hídricas, hoje atingimos o índice de quase 39% de aporte, apesar da irregularidade espacial da oferta”, explica Teixeira.
Só em maio deste ano foram contabilizados 0,71 bilhões de m³ de água nos açudes, valor superior a maio de 2021, quando os números foram de 0,54 bilhões, aponta o levantamento realizado pelo setor de monitoramento da Cogerh.
A recarga trouxe conforto para o microssistema que abastece Fortaleza e Região Metropolitana (RMF). Com 100% da capacidade de armazenamento, os açudes Pacoti, Pacajus, Riachão, Gavião e Aracoiaba estão dando autonomia de água para a RMF sem necessidade de transferência das águas do Castanhão.
Além das bacias metropolitanas, as bacias do Litoral, Acaraú, Coreaú – todas na porção Noroeste – também registraram acumulados expressivos. A bacia do Salgado, na porção Sul do Ceará, obteve bons acumulados após a quadra chuvosa de 2022, registrando 59% de volume.
Sem tarifas
Conforme o secretário, foi por causa deste cenário positivo que houve a suspensão da cobrança da Tarifa de Contingência e da Tarifa de Contingência das Termelétricas. “Esse foi um fato muito relevante. Com isso suspendemos o estado de escassez hídrica na Região Metropolitana, o que retirou a cobrança da Tarifa de Contingência, pela Cagece, e Tarifa de Contingência das Termelétricas, pela Cogerh.”
De acordo com o presidente da Cogerh, apesar do cenário confortável em algumas regiões, existe sempre a necessidade de seguir com o uso responsável da água. “Vivemos numa região semiárida e sempre temos a incerteza da próxima quadra chuvosa. Por isso, devemos manter o uso diligente da água, priorizando seu uso e usando com total responsabilidade”, diz.
Aportes sem expressividade
Para o diretor presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, o panorama traz tranquilidade, mas ainda inspira cuidados, principalmente nas regiões onde os aportes não foram expressivos. Chama a atenção da Companhia aportes como a Bacia do Banabuiú, localizado na região do Sertão Central, da Bacia do Médio Jaguaribe, onde está o Açude Castanhão, o maior do Ceará. Além da Bacia dos Sertões de Crateús, que vinha de uma série histórica de uma década de estiagem.
Açudes sangrando no Ceará
Acaraú Mirim
Ayres de Sousa
Jenipapo
São Vicente
Sobral
Caldeirões
Múquem
Santo Antônio de Russas
Angicos
Diamantino II
Gangorra
Itaúna
Tucunduba
Várzea da Volta
Frios
Itapajé
Gameleira
Mundaú
Poço Verde
Quandú
Acarape do Meio
Amanary
Aracoiaba
Batente
Cauhipe
Gavião
Germinal
Itapebussu
Macacos
Malcozinhado
Maranguapinho
Pacajus
Pacoti
Penedo
Riachão
Tijuquinha
Junco
Olho d'Água
Rosário
São Domingos ll
Ubaldinho
Barragem do Batalhão
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