Internações em enfermarias e UTIs por Covid-19 mais que dobram em apenas 2 semanas no Ceará

Dados apontam para um aumento progressivo nas internações de pacientes com síndromes gripais ou respiratórias graves desde que a variante ômicron

Por Cadu Freitas, g1 CE

Pacientes com Covid-19 recebem auxílio hospitalar em UTI. — Foto: Tatiana Fortes/Governo do Ceará

Total de pessoas internadas saltou de 275, em 4 de janeiro, para 572, nesta terça-feira (18). Maioria está em leitos de enfermaria.

O número de pacientes internados com Covid-19 em enfermarias e UTIs públicas do Ceará mais do que dobrou em apenas duas semanas. Os índices vêm crescendo desde meados de dezembro. Em 4 de janeiro deste ano, 275 pessoas necessitavam de auxílios médicos em unidades do SUS no estado. Duas semanas depois, nesta terça-feira (18), o número saltou para 572.

Os dados foram colhidos às 15h desta terça na plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Eles apontam para um aumento progressivo nas internações de pacientes com síndromes gripais ou respiratórias graves desde que a variante ômicron foi considerada como a majoritária em circulação.

Em duas semanas, os números de internados por UTI subiram pouco mais de 39%, saindo de 82 internações para 114. Contudo, as ocupações em unidades de enfermaria - que requerem cuidados menos invasivos - saltaram de 193 para 458, um aumento de 137%.

De acordo com o painel de vigilância genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, no dia 5 de janeiro deste ano, 95% dos casos analisados no Ceará tinham características da variante ômicron. Isso porque a análise busca duas características específicas no vírus que não estão na variante delta. No painel da entidade, 98 casos eram prováveis ômicron e apenas cinco delta.

Há cerca de uma semana, o governador Camilo Santana (PT) anunciou a abertura de 452 novos leitos de atenção para pacientes com sintomas gripais provocados pela Covid-19 ou pela Influenza A.

"Abriremos quantos leitos forem necessários, assim como fizemos na primeira e segunda onda da pandemia. Também dobramos o número de unidades públicas de testagem. Seguimos juntos e fortes para enfrentar e vencer essa pandemia", disse o governador.

Contudo, várias unidades de saúde já estão apresentando alta lotação de pacientes com quadros gripais. Elas ainda não estão atuando com 100% da capacidade, como ocorreu na segunda onda, em meados de março de 2021.

Hospitais lotados

Ambulância chega ao Hospital Leonardo Da Vinci, unidade de referência só para doentes com coronavírus, no bairro Aldeota. — Foto: João Dijorge/PhotoPress/Estadão Conteúdo

Reflexo da alta procura de leitos de enfermaria na capital é o Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Nesta terça-feira (18), 100% dos leitos abertos para pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) estavam ocupados. São 103 para adultos e seis para gestantes, conforme o IntegraSUS.

O mesmo acontece com o Instituto Dr. José Frota (IJF), gerenciado pela Prefeitura de Fortaleza. Na unidade, há, atualmente, cinco leitos de UTI e 20 de enfermaria para pacientes com SRAG. Todos estão ocupados.

As UTIs do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e do Hospital São José (HSJ) também estão superlotadas. Já no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), todos os leitos abertos em enfermaria e UTI também estão ocupados.

A unidade referência para casos de Covid-19, o Hospital Estadual Leonardo da Vinci (HELV), tem apenas um leito vago em UTI e cinco em enfermaria. A gestão abriu, respectivamente, 30 e 63 vagas.

No início da segunda onda da pandemia no Ceará, em março de 2021, as transferências diárias para leitos de enfermaria começaram a subir em março e ficaram por dois meses acima de 100 pessoas com necessidades de transferência.

https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2022/01/18/internacoes-em-enfermarias-e-utis-por-covid-19-mais-que-dobram-em-apenas-2-semanas-no-ceara.ghtml