DADOS DO PNAD: Ceará é o quinto Estado com maior percentual de idosos
Dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) 2011, divulgados ontem, indicam que a população cearense foi estimada em 8,671 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 1,9% em relação à Pnad 2009, quando o Estado teve sua população estimada em 8,503 milhões. Dentro deste crescimento, o grande destaque fica para a população de idosos, que, segundo o estudo, está em 1,089 milhão, ou seja, 12,6% da população
De acordo com especialistas, a redução das taxas de natalidade e os avanços da medicina, além da implementação da Política Nacional do Idoso, são fatores que contribuíram para o aumento desta faixa etária
Esse resultado coloca o Estado como a quinta unidade da Federação com maior percentual de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil. Em relação ao Nordeste, o Ceará fica atrás apenas da Paraíba, que tem 13,1% da sua população composta por pessoas nesta faixa etária.
A pesquisadora da Pnad Maria Lúcia Vieira avalia que esses resultados seguem na contramão do que acontece nas regiões Norte e Nordeste, que têm uma estrutura etária mais jovem.
"Isso nos mostra também que há, no mercado de trabalho cearense, muito mais pessoas mais velhas trabalhando, tendo em vista que houve uma queda na população jovem ocupada. Esse fenômeno ocorreu apenas no Nordeste, diferentemente do restante do País", explicou.
De acordo com ela, percentualmente, o mercado cearense tem pessoas com mais maturidade. "A população jovem até 29 anos caiu em ocupação", diz.
Para o professor titular do departamento de geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Borzacchielo, a redução das taxas de natalidade e as conquistas da Medicina, assim como a implementação da Política Nacional do Idoso, são as grandes responsáveis pelo aumento do percentual de idosos no Estado. "Porém, estas pessoas ainda não são vistas na nossa paisagem, pois elas ficam dentro de casa, diferentemente do Rio de Janeiro, onde eles têm mobilidade, vão à praia, passeiam no calçadão, os idosos estão na areia da praia e nas praças", disse o Borzacchielo.
De acordo com ele, a tendência é que esse cenário mude à medida que se criem equipamentos públicos que incluam esta camada da população.
"Hoje, só vemos os idosos de Fortaleza na Praça do Ferreira. É preciso que a Política Nacional do Idoso seja realmente implementada e respeitada. Assim como a sociedade compreenda e respeite a sua temporalidade, que está na maneira de se locomover, de entender, falar e escutar", informou.
Enquanto isso, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) passou de 3,558 milhões de pessoas para 3,735 milhões, ou seja, uma variação de 4.9%. E está como sexta RM entre as avaliadas, no caso, São Paulo, Rio de Janeiro Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife , Salvador, Curitiba e Belém.
O crescimento do Estado foi acima do nacional, que teve 1,8% de variação. A pesquisa estima que o número de habitantes brasileiros estejam em 195,243 milhões de pessoas, em 2009 esta estimativa era de 191,792 milhões.
Migração
A Pnad aponta que o Ceará possui 434 mil pessoas não naturais do Estado residindo nele. Destes, a maioria é oriunda da cidade de São Paulo (81 mil), Pernambuco (49 mil), Piauí (47 mil), Paraíba (43 mil) e Maranhão (39 mil). Com relação ao número de estrangeiros, estes somam-se seis mil, em sua maioria homens, 83,3%, ou seja, cinco mil pessoas.
Para Borzacchielo, o Ceará passa por dois momentos. Dentre eles a geração de emprego e renda são fundamentais para atração deste público.
"O primeiro é a migração de retorno, onde pessoas que saíram daqui para o sudeste estão voltando após conseguirem a aposentadoria. Depois, vem que Fortaleza se firmou como polo universitário, de emprego, turístico e médico hospitalar", explicou o professor.
THAYS LAVOR
REPÓRTER
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