Ceará é o 2º no país em Exportação de frutas avança 23%
Ao contrário do que ocorreu em alguns dos setores com maior participação nas exportações cearenses - a exemplo das indústrias têxtil e calçadista, que apresentaram queda significativa no primeiro semestre deste ano -, a fruticultura registrou um aumento expressivo da receita advinda das vendas ao exterior nos seis primeiros meses de 2012.
Em comparação com igual período de 2011, o avanço do setor foi de 23,4%, segundo dados da do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O crescimento fez com que o Ceará ficasse na segunda posição entre os estados brasileiros que receberam maior receita com a exportação de frutas, ficando atrás apenas de São Paulo.
De acordo com o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, o avanço no período se deve à união de diversos fatores, entre os quais se destacam as melhores condições de infraestrutura do Estado, a utilização de novas tecnologias e a alta do dólar nos últimos meses, em comparação com o primeiro semestre do último ano.
Segundo Bringel, os investimentos voltados aos projetos de irrigação são alguns dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do setor nos últimos meses. A atração de investimentos para a zona rural cearense, acrescenta, também tem impulsionado a fruticultura.
Maiores avanços
Principal fruta exportada no período, o melão apresentou elevação de 44,4% no último semestre, em relação a similar período de 2011. A maior variação, porém, foi do coco, 314,3%, sendo seguida pela melancia, que registrou aumento de 161,5% . Conforme o presidente da Frutal, o avanço do melão é visto de forma especialmente positiva, uma vez que esse produto demanda elevada mão-de-obra.
Euvaldo Bringel destaca que as exportações no primeiro semestre correspondem a aproximadamente um terço do total de vendas ao exterior a cada ano. Nos seis primeiros meses deste ano, foram exportados US$ 33,6 milhões. A expectativa do setor, informa, é alcançar US$ 100 milhões até dezembro.
Em 2008, recorda, as exportações alcançaram cerca de US$ 130 milhões. Contudo, destaca Bringel, por conta da crise financeira internacional, as vendas no exterior, nos anos seguintes, caíram significativamente, ficando abaixo dos U$ 100 milhões. Nesse contexto, indica, os produtores passaram a se voltar mais para os consumidores do País.
Mercado interno
Conforme o presidente da Frutal, o mercado interno também tem se mostrado promissor para o setor, devido, entre outros fatores, ao aumento da renda do brasileiro. Conforme explica, com maior poder aquisitivo, muitos consumidores que antes priorizavam unicamente itens alimentícios como arroz, carne e feijão agora passam a consumir mais frutas. Além disso, diz, a maior longevidade da população também têm influenciado o setor.
Ele informa ainda que, devido à produção em larga escala e à demanda do mercado interno, a tendência é que diversos itens tenham queda nos preços nos próximos meses.
Mesmo com a elevação expressiva das exportações, alguns itens apresentaram queda nas vendas ao exterior, como a banana e o mamão. Segundo Euvaldo Bringel, a redução está ligada ao aquecimento do mercado interno, que demandou com mais força os produtos. O abacaxi, por sua vez, teve uma queda de 100% nas exportações. Conforme explica, o fato se deveu a pragas que atingiram a produção da única empresa, no Ceará, que exporta esse item.
Gargalos
Apesar dos avanços da fruticultura, Bringel ressalta que há diversos gargalos a serem superados no Estado. O principal, afirma, é a baixa escolaridade do trabalhador rural. "Se uma pessoa não sabe ler, como vai ler um manual e aprender a usar um defensivo ou saber como fazer a manutenção de um equipamento?", ilustra o presidente da Frutal.
Outro entrave, destaca, é o baixo valor da terra, o que, para os pequenos produtores, acarreta em dificuldades para apresentar garantias e adquirir crédito.
Movimentação nos portos
O crescimento do setor impactou também na movimentação dos portos do Pecém e do Mucuripe. Conforme Bringel, a maior parte das frutas exportadas pelo País saem dos dois portos cearenses. Nos seis primeiros meses deste ano, foram exportadas, pelo porto do Pecém, cerca de 55 mil toneladas de frutas. Do total, 71,1% teve origem no Ceará. Em segundo lugar, está o Rio Grande do Norte, com 25,5%.
JOÃO MOURA
REPÓRTER
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