Salitre ainda sofre com falta de água

Salitre Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário neste município, juntamente com segmentos da sociedade civil, organizaram uma audiência pública, realizada na manhã de ontem, para discutirem os problemas relativos à falta de água na cidade. Atualmente, a população está sendo abastecida pela Operação Carro Pipa, por meio de uma ação do Ministério da Integração Nacional e Exército. O esforço das lideranças municipais é para que o Governo do Estado posicione-se quanto a efetivação de medidas que possam diminuir as atuais dificuldades.

Os primeiros registros de chuvas no Estado ainda não foram suficientes para amenizar a crise do abastecimento hídrico na cidade. Salitre tem aproximadamente 16 mil habitantes. Estima-se que 70% da população tem renda relacionada à produção de mandioca. Na cidade existem 92 casas de farinha. Todas estão com suas atividades paralisadas por não terem água para a produção dos derivados da cultura. Com a suspensão do funcionamento, em média 2.500 pessoas já estão desempregadas.

No momento, em algumas áreas do município,13 carros-pipas fazem a distribuição diária de água. A outra parte da população, que não está atendida, só tem acesso ao recurso hídrico se comprar aos carroceiros que transportam o líquido por meio de tração animal.

Cada tambor contendo 200 litros de água tem preço de R$ 5. O principal reservatório hídrico fica em Campos Sales, à uma distância de 36 quilômetros. De acordo com o coordenador municipal da Defesa Civil, Manoel Filho Ribeiro, para atender toda a demanda seriam necessários outros cinco carros-pipas.

Além de não ter água suficiente, a população também está sem fontes de renda. O produtor de farinha de mandioca, Elias Antônio Albuquerque, conta que a situação atual é uma das piores já enfrentadas. Ele diz que não tem como manter sua indústria em funcionamento. "Estamos em uma crise severa. Esperamos chuva. Mas, enquanto isso não acontece, queremos que a água que chega à sede do município também seja distribuída para as casas de farinha".

Normalmente, quando há chuvas regulares em Salitre, são plantados cerca de 15 mil hectares só de mandioca. Em função da seca, esse número foi reduzido para nove hectares, o que provocou uma queda brusca também na produtividade que passou de 15 mil para cinco toneladas por hectare. Até agora, as chuvas que ocorreram neste ano não foram suficientes para a germinação da rama da mandioca que já foi plantada.

O encontro de ontem foi a segunda audiência sobre o problema. A primeira aconteceu em janeiro, com a presença dos membros do Comitê Estadual de Combate à Seca. Na ocasião, a Cagece apontou como solução imediata a perfuração de poços no entorno da cidade e a interligação dos mesmos com a rede de distribuição. Mas, até agora, a ação não foi iniciada. A previsão é que o serviço seja começado ainda nos próximos dias. Segundo o gerente regional da Cagece, Bacia do Alto Jaguaribe, Marcelo Gutierres, ainda está sendo planejada a filmagem e limpeza do poço pioneiro PP4.

A ação deverá apontar o que poderá ser feito para colocar o poço em funcionamento. Como medida definitiva para o problema da falta de água, ele conta que está sendo tratado, por meio de um regime diferenciado de contratação, a reelaboração de um projeto de construção de uma adutora que atenda a cidade. "A gente está trabalhando para resolver essa questão. Estamos realizando uma ação em parceria com a Prefeitura para que essas ações se concretizem".

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