Quadrilha junina de Juazeiro do Norte retrata 'cidade fantasma' do Ceará

Quadrilha do Gil leva às quadras a história de Cococi, distrito de Parambu.

Figurino da Quadrilha do Gil já está pronto e se inspira no ar misterioso de Cococi. (Foto: Quadrilha do Gil/Divulgação) Em 2014, grupo ficou em quarto lugar em concurso cearense. Marina HolandaDo G1 CE A Quadrilha do Gil, de Juazeiro do Norte, se prepara para o São João de 2015 e traz como tema a cidade fantasma no interior do Ceará, Cococi, atualmente distrito de Parambu. O motivo da escolha do tema, segundo Gilberto Soares, presidente da quadrilha junina,  foi a vontade de mostrar uma cidade abandonada pelo seu povo. “Depois que lá deixou de ser cidade, o pessoal abandonou mesmo”, conta.

Cococi, cidade fantasma no Sertão do Ceará (Foto: André Teixeira/G1)
Cococi, cidade foi abandonada e virou um distrito no Sertão do Ceará (Foto: André Teixeira/G1)
A quadrilha tem Cococi como principal cenário e traz lendas populares do distrito em seu enredo. O ar de mistério promete ser o diferencial do grupo. “Tem a história de um vaqueiro que sai junto com a boiada e nunca mais volta. A esposa diz ver aparições do marido sumido”, conta Soares, sobre uma das cenas que serão retratadas na apresentação da quadrilha. Marcos Sousa, professor de História e integrante da Quadrilha do Gil, é autor do projeto e juntamente com equipe, foi até Cococi em pesquisa de campo, para conhecer mais sobre a realidade do lugar. “É uma cidade histórica, pouca gente conhece. O mais importante é que nós vamos levar para o povo algo esquecido” diz Soares. Com 35 anos de estrada, o grupo juazeirense é embalado pelos temas do sertão, dos trabalhadores de roça, das histórias inusitadas de Cococi. A preparação para o São João começou em janeiro, e neste ano, serão 48 pessoas em cena, distribuídas em 24 pares. “Nosso casal de noivos (Hálamo Moreira e Laiane Ortiz) representarão vaqueiros, e a rainha (Palloma Martins) representará uma das mulheres que são atacadas no cemitério, por personagens de lendas contadas sobre a cidade fantasma”, diz Soares, em prévia sobre a apresentação. “São 35 anos ininterruptos de quadrilha, independentes de prefeitura, estado, o que for. O que pesa mais é o financeiro, mas não falta união e comprometimento afetivo de quem participa. Vamos levar 24 pares e temos muita novidade em quadra”, afirma o presidente da quadrilha. Gilberto esclarece sobre o nome do grupo. “Uma pessoa, desde o começo deu esse nome porque eu que estava a frente da quadrilha, mas a gente hoje usa o Gil associado a 'Gente Integrada à Luta'.''
A rainha, Palloma Martins, irá representar uma das mulheres assombradas pelos seres do cemitério da cidade. (Foto: Acervo Quadrilha do Gil/Divulgação)
A rainha, Palloma Martins, irá representar uma das mulheres assombradas pelos seres do cemitério da cidade. (Foto: Acervo Quadrilha do Gil/Divulgação)
A Quadrilha do Gil se apresenta entre os dias 19, 20 e 21 de junho, no Arraiá do Ceará, sediado no  Centro Dragão do Mar, em Fortaleza. A quadrilha hoje está classificada entre as 10 melhores do estado. Os sonhos são para além da região do Cariri. “ A gente trabalha mais para fora, estamos tentando ficar entre as três melhores. Se a gente ganhar em Fortaleza, pretendemos participar do São João do Nordeste”, destaca.