Paulista morto em Santa Maria é enterrado em São Caetano, no ABC

Ele visitava um grupo de amigos que conheceu em intercâmbio.

Letícia MacedoDo G1 São Paulo

O representante comercial Rafael Paulo Nunes de Carvalho, de 32 anos, morto no incêndio ocorrido na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi enterrado por volta das 11h30 desta terça-feira (29), no Cemitério das Lágrimas, em São Caetano do Sul, no ABC. O paulista era morador de Santo André, também no ABC, e comemorava o seu aniversário com um grupo de amigos que havia conhecido durante um intercâmbio. Ele completou 32 anos na sexta-feira (25).

 

O técnico em informática Paulo Tadeu Nunes Carvalho, de 62 anos, pai de Rafael, disse que o filho estava muito feliz na viagem. Ele embarcou na quinta-feira para encontrar amigos que fez em uma viagem de intercâmbio na Nova Zelândia. Ao entrar no avião, ele enviou uma mensagem para o pai dizendo: “Amo vocês”. “É uma tragédia o que ocorreu. [É] muito triste. Como todo pai, a gente foi egoísta, sabendo de tanta gente, e rezando para que ele não estivesse no meio daqueles tantos que estavam lá”, declarou. Segundo o técnico em informática, ele viajou muito e “viveu intensamente”. “Ele era muito bom, dedicado às pessoas, à família.”

Fervoroso torcedor do São Paulo, ele recebeu uma coroa e uma bandeira em sua homenagem do time do coração. Durante o sepultamento, familiares e amigos entoaram um trecho do hino tricolor. Amigos e o irmão de Rafael, torcedores de outros times, colocaram a camisa do clube para homenageá-lo.

Durante a despedida, familiares e amigos também usaram camisetas com mensagens em homenagem a ele. A vendedora Daniela Marques, de 30 anos, trabalhava com o rapaz e também usava a camiseta. “Era uma pessoa muito doce, que vai deixar saudade”, afirmou ao G1.

A Prefeitura de Santo André decretou luto oficial de três dias em memória da vítima. O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico. O incêndio deixou 231 mortos e ainda 75 pacientes feridos, internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), em Santa Maria e em Porto Alegre.

 “Ele sempre foi um menino muito feliz”, disse Rogério de Oliveira Vila, primo de Rafael. "Não te tiraram a alegria de viver. Tiraram da vida, a alegria de ter você", diz um texto publicado por uma amiga de infância em uma rede social.

Rafael morava em Santo André com os pais e o irmão mais velho. No fim da semana passada, ele viajou a Santa Catarina para visitar o afilhado e, depois, foi ao Rio Grande do Sul.

Ele estava em Santa Maria visitando um grupo de amigos que havia conhecido durante um intercâmbio na Nova Zelândia. Ele fez aniversário na sexta-feira (25) e tinha ido para a boate Kiss comemorar. Um amigo de Rafael também morreu no incêndio. Uma amiga está internada.

Nesta segunda-feira (28), várias vítimas foram enterradas em quatro cidades do Oeste de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A maioria dos mortos foi enterrada em Santa Maria.

Quatro foram presos nesta segunda após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr; o sócio, Mauro Hofffmann; e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.

Ajuda aos feridos
O Hospital das Clínicas de São Paulo enviou nesta segunda-feira (28) 95% do estoque de seu banco de pele para o atendimento às vítimas do incêndio. A quantidade equivale a 7 mil centímetros quadrados de pele, que será usada por um hospital no atendimento às vítimas.
Segundo a assessoria do Hospital das Clínicas, o número de pessoas que podem utilizar essa pele pode variar, dependendo da extensão das queimaduras. Se utilizado em vítimas com queimaduras em cerca de 50% do corpo, a quantidade de pele será suficiente para atender ao menos 4 pessoas.

Segundo Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, mais de 4,8 toneladas de materiais hospitalares já foram encaminhados para Santa Maria. Ainda durante a madrugada, o primeiro voo chegou do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com 850 kg de materiais hospitalares.