Corpos de vítimas de incêndio em boate começam a ser enterrados
DE SÃO PAULO
DA AGÊNCIA BRASIL
Ricardo Moraes - 27.dez.13/Reuters
Os corpos de parte das 231 vítimas do incêndio que atingiu a boate Kiss, ontem, em Santa Maria, começaram a ser enterrados na manhã desta segunda-feira. Um velório coletivo acontece desde a noite de ontem no CDM (Centro Desportivo Municipal), onde houve um culto ecumênico mais cedo.
No Cemitério Parque Jardim Santa Rita de Cássia, onde estão previstos 25 enterros hoje, as cerimônias começaram por volta das 8h15. Já no Cemitério Ecumênico, os enterros tiveram início às 9h e são esperados cerca de 50 enterros. Uma funcionária do cemitério, no entanto, afirmou que estão sendo agendadas novas cerimônias constantemente.
O velório durou toda a a madrugada desta segunda. "A gente até tenta dormir, estamos cansados, mas não conseguimos pregar o olho. Então, ficamos sabendo que estavam precisando de voluntários aqui e viemos. Melhor que ficar em casa", diz Thana Barcellos, que perdeu amigos e conhecidos na tragédia.
Há também o sentimento de indignação. "Foi uma irresponsabilidade, fatalidade não. Uma pessoa fazer um show pirotécnico num ambiente pequeno, fechado? Qualquer um sabe que isso pode provocar um acidente", afirmou o vendedor Abílio Carneiro Júnior, que conhecia várias vítimas.
A boate Kiss era uma das principais casas noturnas da cidade e era famosa por receber estudantes universitários. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo começou na espuma de isolamento acústico quando um dos integrantes da banda que se apresentava acendeu um sinalizador, que atingiu o teto.
O guitarrista da banda Gurizada Fandangueira, Rodrigo Lemos Martins, também disse à Folha que o fogo começou depois que o sinaleiro (chamado por ele de "sputinik") ter sido aceso. Um segurança da casa e o vocalista da banda tentaram apagar o incêndio, afirma o guitarrista, porém o extintor não funcionou.
FATALIDADE
A direção da boate Kiss divulgou uma nota ontem afirmando que a casa estava dentro da normalidade e creditou o incêndio que matou 231 pessoas a uma "fatalidade". A maior parte das vítimas morreu por asfixia e mais de cem pessoas também ficaram feridas.
"Lamentamos sinceramente a extensão da tragédia que excedeu a toda a normalidade e previsibilidade de qualquer atividade empresarial, creditando o terrível acontecimento a uma fatalidade que somente Deus tem condições de levar o consolo e o conforto espiritual que desejamos a todos os familiares e ao povo santa-mariense, gaúcho e brasileiro", diz a nota.
O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, informou que o plano de combate a incêndio da casa está vencido desde agosto de 2012. Já a Polícia Civil afirmou que a casa estava com o alvará de funcionamento vencido também desde o ano passado, mas estava em processo de renovação.
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