Advogados aplicam 'golpe da indenização' no Centro-Oeste, SP

Estado aplicou 1.427 penas a advogados devido à má conduta.

Advogados estão aplicando golpes em famílias que têm direito a receber dos bancos dinheiro dos planos econômicos. Na região Centro-Oeste Paulista, várias pessoas foram enganadas. A Justiça e a Ordem dos Advogados do Brasil estão "de olho" nas ações praticadas por alguns profissionais. Só no ano passado, o Estado de São Paulo aplicou 1.427 penas a advogados devido à má conduta. De acordo ainda com a OAB, 795 suspensões e 26 exclusões foram feitas no quadro da entidade. Alguns dos processos viraram até caso de polícia.

Em Ourinhos, a filha de um homem que faleceu em 2007 foi vítima de um advogado que se passou por procurador da família. Ele entrou com um pedido de indenização contra um banco em 2010 e três anos depois a mulher descobriu o golpe.

A polícia investiga os casos como crime de estelionato. “Investigamos o envolvimento de advogados da região usando documentos falsos, se passando por outras pessoas que fraudavam ações”, disse o delegado Pedro Telles.

Outro caso é de Creusa Nunes de Oliveira, que tem direito a receber na Justiça o saldo da Caderneta de Poupança referente ao Plano Collor 2. Ela procurou um advogado e depois de cinco anos de espera decidiu ir ao Fórum para saber como estava o andamento do processo. Ela descobriu que os valores devidos pelo banco já tinham sido pagos ao advogado dela há muito tempo.

“Na época do Plano Collor fiquei sabendo que tinha direito a receber. Entrei com processo e eu tinha um valor a receber. Como o processo estava demorando muito eu fui até o Fórum e com o número do processo descobri que ele já havia recebido esse dinheiro há um ano”, disse Creusa Nunes de Oliveira.

Em ações como a de Creusa, a indenização recebida pelo advogado deveria ter sido repassada imediatamente à cliente. O caso foi encaminhado à Comissão de Ética da OAB. “Assim que ele receber e fizer o levantamento do dinheiro deve entregar ao cliente e retirar os honorários. Nada a mais que isso”, explicou o presidente da OAB, Fábio Dias Martins.