Militar do Exército e membros de banda são alvo de operação contra neonazismo em 5 estados

GAECO deflagra Operação Overlord para desarticular grupo investigado por atos violentos

Gaeco faz operação nacional contra neonazismo — Foto: Gaeco/Divulgação

Entre os investigados alvo da ação está o homem apontado como líder do grupo, ligado diretamente a um homicídio motivado por ideologia, segundo MP.

Por Caroline Borges, g1 SC - 21/10/2024 

GAECO deflagra Operação Overlord para desarticular grupo investigado por atos violentos

Um grupo suspeito de planejar atos de violência no país, propagar apologia ao nazismo e incitar a discriminação é alvo de uma operação em cinco estados do Brasil nesta segunda-feira (21). Entre os cinco presos temporariamente estão um militar ativo do Exército Brasileiro apontado por participar de encontros neonazistas e um homem suspeito de envolvimento em um homicídio.

A investigação também revelou que o grupo mantinha uma banda que se apresentava em eventos neonazistas em várias regiões do Brasil. A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de Santa Catarina com apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça. Houve alvos também em São Paulo, Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul. 

Batizada de Operação Overlord, a ação quer combater o antissemitismo, os discursos de ódio e o planejamento de atos de violência. Entre os suspeitos, segundo o órgão catarinense, os principais líderes do grupo extremista investigado.

Perfil dos investigados

Apontado como líder do grupo, um dos alvos da ação nesta segunda, conforme o Gaeco, estaria envolvido diretamente em um homicídio ocorrido em 2011, quando um jovem do movimento punk foi assassinado. O crime foi motivado pela ideologia do agressor, conforme o Gaeco.

Outro preso é um militar do Exército Brasileiro. O homem atua como praça temporário e é apontado por participar ativamente de encontros neonazistas.

"Embora os crimes preliminarmente atribuídos a ele não estejam diretamente relacionados às suas funções militares, seu conhecimento avançado em táticas de combate e armas de fogo aumenta significativamente o nível de risco associado à sua participação no grupo", disse o Gaeco.

Banda reuniu cerca de 30 pessoas

Segundo a investigação, alguns dos eventos onde a banda alvo da ação se apresentou chegou a reunir mais de 30 pessoas. Nesses eventos, bandeiras com suásticas eram exibidas, e discursos de ódio atraíam um número crescente de seguidores.

Skinheads neonazistas

Os membros do grupo, segundo o MPSC, se autodenominam skinheads neonazistas e adotam como símbolo o Sol Negro — um emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana — com um fuzil AK-47 ao centro.

"Esse símbolo representa, na visão dos investigados, tanto a supremacia branca quanto a glorificação da violência, indicando a disposição do grupo para o uso da força em sua imposição ideológica", disse o MP.

As ordens judiciais foram solicitada pela 40ª Promotoria de Justiça da Capital, após um relatório de investigação elaborado pelo CyberGAECO, ligado ao Ministério Público de Santa Catarina.

Os mandados de prisão foram expedidas pela 2ª Vara da Comarca de Urussanga, no Sul de Santa Catarina. Também foram cumpridos oito mandados busca e apreensão nas cidades:

• São Paulo (SP)

• Taubaté (SP);

• Curitiba (PR)

• Cocal do Sul (SC);

• Jaraguá do Sul (SC);

• Pomerode (SC);

• Caxias do Sul (RS);

• Aracaju (SE);

Operação Overlord

O nome da operação foi inspirado no codinome da ofensiva aliada na Normandia durante a Se-gunda Guerra Mundial, um marco decisivo na batalha contra o nazismo.

"Assim como essa histórica operação foi um esforço coordenado para libertar nações oprimidas, a Operação Overlord simboliza a determinação do MP e das forças policiais em combater e desmantelar grupos neonazistas e antissemitas, reafirmando o compromisso com a justiça e a proteção dos valores democráticos em nossa sociedade", disse ao MP.

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2024/10/21/militar-exercito-suspeito-homicidio-membros-de-banda-operacao-5-estados-contra-neonazismo-sc.ghtml