Desmatamento na Amazônia cai 42% em sete meses, mas desafios são grandes
Cidades amazônicas enfrentam cenário de pré-colapso ambiental.
O bom resultado merece cautela, já que a região passa por um cenário de extrema fragilidade com as tragédias de Bolsonaro e do aquecimento global
Por Redação RBA
Reprodução/Facebook
A herança deixada por Jair Bolsonaro (PL), a destruição massiva da floresta, aliada a eventos climáticos extremos relacionados ao aquecimento global colocam a região em xeque
São Paulo – O desmatamento na Amazônia caiu 42% de janeiro a julho, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (9). Em 12 meses, a queda foi de 22,3%. Trata-se de um número positivo, alcançado após a retomada da política de preservação pelo governo Lula. Contudo, os esforços do governo, que envolvem o trabalho da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, são complexos. A herança deixada por Jair Bolsonaro (PL) e a destruição da floresta, aliada a eventos climáticos extremos relacionados ao aquecimento global, colocam a região em xeque.
Cidades amazônicas enfrentam cenário de pré-colapso ambiental. O El Niño deste ano, que aquece águas do Pacífico, caminha para ser o mais intenso da história. Aliado à devastação sem precedentes conduzida nos anos de Bolsonaro, o evento traz um panorama de desastre. Então, estudos indicam que Manaus tende a ser uma das cidades mais quentes do mundo nas próximas décadas, ameaçando inclusive a vida na região. E, também, há um efeito de “bola de neve”. Mais seca promove mais degradação ambiental, e assim por diante.
Pode piorar
Dados do Ministério do Meio Ambiente dão conta do tamanho do problema. “Hoje temos o El Niño mais forte e mais intenso da história. Tivemos um super El Niño em 1997 com incêndios de intensidade muito grande. Agora, em 2023, tanto no Atlântico Norte como no Pacífico temos um aquecimento muito mais intenso. Isso implica em problemas como mais seca na Amazônia”, afirma a pasta em documento apresentado hoje em Brasília.
Assim, além disso, o cenário não tem perspectiva de melhora no curto prazo. Ao contrário. “Isso torna nossa ação muito mais desafiadora. Temos alta probabilidade desse fenômeno avançando para 2024. A tendência é de alta de temperatura e de seca. Também o estresse hídrico, muita chuva no Sul e seca no Norte. Assim, o resultado é degradação florestal que fragiliza a floresta, tornando-a ainda mais vulnerável a incêndios, mesmo em áreas preservadas. A cada ano queima e torna mais seco e mais vulnerável. Esse é o grande risco.”
Trabalho árduo na Amazônia
A ministra Marina comemorou a redução das taxas de desmatamento. “Esse resultado é fruto do trabalho de todos nós. É um trabalho que já tínhamos um know-how da nossa gestão anterior. Agora atualizamos e estamos vendo esses resultados”, afirmou. Agora, o trabalho seguirá.
A ministra lembra que os bons resultados poderiam ser melhores, não fosse a herança bolsonarista. “Pegamos um passivo de 6 mil quilômetros quadrados do governo Bolsonaro que está sendo computado no desmatamento de 2023. Conseguimos uma redução de 42% graças às ações emergenciais e estruturantes. Isso incide sobre a taxa de desmatamento. Se conseguíssemos 10% já seria um grande sucesso. Mas o que alcançamos é maior, mesmo com uma contraposição deixada por Bolsonaro”, acrescentou Marina.
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