Apenas 6,2% das cidades brasileiras estão preparadas para enfrentar desastres naturais, diz IBGE
Apenas 344 municípios do Brasil possuem algum planejamento para a redução de riscos. O Centro-Oeste foi a região que registrou o menor número de cidades com planos definidos.
Uma pesquisa do IBGE revela um dado alarmante. Menos de 10% das cidades brasileiras estão preparadas para enfrentar desastres naturais.
A cada cinco minutos, o sistema de alerta a inundações de São Paulo exibe na internet imagens atualizadas do radar meteorológico. Quando chove, boletins informam a cada duas horas a intensidade e o deslocamento do temporal.
No Rio, técnicos do Centro de Operações se revezam 24 horas por dia para mapear a chegada de tempestades e, se for o caso, soar o alarme que orienta moradores de 103 comunidades situadas em áreas de risco. É o sinal para que todos deixem as suas casas e sigam para os abrigos.
Apesar de tudo, São Paulo e Rio de Janeiro não estão livres da ocorrência de tragédias. Se é assim nas duas maiores e mais importantes cidades do país, como fica então a situação de municípios menores e com menos recursos?
Uma pesquisa inédita do IBGE revela que a maioria absoluta das cidades não investe em prevenção. Apenas 344 municípios do Brasil possuem algum planejamento para a redução de riscos, o que representa 6,2% de todas as cidades.
A região Centro-Oeste foi a que registrou o menor número de cidades com planos definidos. Ainda segundo o IBGE, 10% dos municípios declararam estar preparando seus planos de prevenção.
“Se preparar para isso vai levar um tempo muito grande. E isso é o município como um todo, conscientização de população, formar uma coordenação municipal de Defesa Civil. Tem uma organização grande a ser feita. A gestão tem que começar a olhar com mais carinho para essa população”, afirma Vânia Pacheco, gerente da pesquisa do IBGE.
“Pensar que esse problema nunca vai acontecer na sua cidade, postergar e agir só quando o fato está consumado. O prefeito é chamado a tomar decisões de emergência, que acabam saindo mais caras”, diz Alberto Lopes, do Instituto de Administração Municipal.
A falta de estrutura dos municípios contrasta com a sofisticação do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais. Inaugurado há menos de um ano em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, o centro utiliza equipamentos de última geração para emitir alertas às cidades mais vulneráveis do Brasil.
“A gente consegue emitir alertas de risco antecipadamente para 230 municípios operados. Isso faz com que os dados cheguem às áreas de risco para que a gente não tenha os desastres naturais”, explica o geólogo Agostinho Ogura.
De dezembro para cá foram emitidos 300 alertas. A informação existe. O que fazer com ela é assunto de cada prefeito.
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