Mulher de tesoureiro do PT que foi morto a tiros diz que família não conhecia atirador

Marcelo Arruda tinha 50 anos e deixa quatro filhos, um deles um bebê de 40 dias.

Marcelo ao lado da filha de poucos meses em foto tirada recentemente, segundo familiares — Foto: Arquivo pessoal

Mulher de tesoureiro do PT que foi morto a tiros diz que família não conhecia atirador: 'Tentamos dialogar'

Pamela Silva disse que Jorge Guaranho não era convidado e que a vítima Marcelo Arruda pediu para que ele se retirasse. Crime aconteceu em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Por g1 PR

A companheira de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT que foi morto a tiros em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, afirmou que a família não conhecia o atirador, Jorge Guaranho. Pamela Silva disse que ela e Marcelo tentaram dialogar com o homem, sem sucesso.

O petista estava comemorando seu aniversário, na noite de sábado (9), quando foi baleado por Guaranho, que nas redes sociais se identifica como apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Marcelo revidou e também baleou Guaranho, que está internado em Foz do Iguaçu.

Durante entrevista ao programa Encontro, da Globo, Pamela disse que a festa era particular e que Guaranho não era convidado.

"Ele simplesmente chegou na festa, desferiu algumas palavras de cunho político. Marcelo pede, naquele momento, que ele se retire do local. E ele aponta arma. Eu e o Marcelo tentamos dialogar com ele, mas ele ignora tudo isso", afirmou.

A festa tinha como tema o Partido dos Trabalhadores. Pamela contou que Guaranho chegou ao local em um carro com um bebê e uma mulher. Segundo ela, a mulher que estava com Guaranho também pediu para que ele parasse.

Apesar disso, segundo Pamela, o atirador afirmou que iria voltar. Imagens de câmera de segurança mostram que Guaranho voltou ao local 10 minutos depois e atirou contra Marcelo.

Antes de Guaranho disparar, as imagens mostram Pamela mostrando a ele seu distintivo de policial civil.

"Foi tão rápido e tão inesperado, que ali foi uma atitude de instinto mesmo. A gente só queria tentar evitar, não com aquela violência, usando arma de fogo. Nós gostaríamos de estabelecer um diálogo com o agressor. Mas, por duas vezes, nós não conseguimos isso", afirmou.

Marcelo Arruda tinha 50 anos e deixa quatro filhos, um deles um bebê de 40 dias.

"O Marcelo era um apoio para todos nós. Estamos dilacerados. Gostaria que o tempo voltasse e nada disso tivesse acontecido. O Marcelo defendeu todos bravamente. Ele morreu por todos que estavam ali", disse Pamela.

Câmera registrou o crime

Uma câmera de segurança registrou o momento em que o apoiador de Bolsonaro invadiu a festa de aniversário e matou o guarda municipal. Assista ao vídeo abaixo.

Nas imagens da câmera de segurança, o tesoureiro do PT aparece caindo no chão do salão após ser atingido por um primeiro tiro. O atirador entra no local e faz um segundo disparo.

Em seguida, Pamela tenta impedir que ele continue atirando e o empurra. O homem cai no chão atirando. As imagens da sequência mostram que a vítima revidou dando tiros no agressor, que foi ao chão, à esquerda da imagem. 

A Prefeitura de Foz do Iguaçu disse, em nota, que Marcelo Arruda era da primeira turma da Guarda Municipal e estava na corporação havia 28 anos. O guarda também era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi).

"Agradecemos ao Marcelo Arruda por toda a sua dedicação e comprometimento com o Município, o qual nestes 28 anos de funcionalismo público defendeu bravamente, tanto atuando na segurança como na defesa dos servidores municipais. Desejamos à família, aos amigos e colegas de Marcelo força neste momento de dor", afirmou o prefeito Chico Brasileiro.

PT lamentou morte

Em nota, o PT no Paraná lamentou a morte do tesoureiro e disse que presta assistência à família da vítima e que acompanhará todas as investigações.

"Um ataque contra a vida, um ataque contra a liberdade de expressão, um ataque contra a democracia", disse o PT-PR.

O Partido dos Trabalhadores também se manifestou e, em nota, reconheceu neste domingo a atuação de Marcelo Arruda. Em 2020, o guarda municipal foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pela sigla.

"Cobramos das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política, e alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade. Iniciativas nesse sentido foram devidamente apontadas pelo PT em várias oportunidades, junto ao Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário", disse o partido.

https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2022/07/11/mulher-de-tesoureiro-do-pt-que-foi-morto-a-tiros-diz-que-familia-nao-conhecia-atirador-tentamos-dialogar.ghtml