Filhas de suspeita de tortura eram bem cuidadas, diz conselheira em MS

Conselheira avalia que adoção de menino foi premeditada para tortura. Criança passa por avaliação; superação é possível, diz psicóloga.

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Imagem reprodução TV G1 MS Do G1 MS com informações da TV Morena Uma adoção premeditada para torturar uma criança. Após tantos questionamentos, este é entendimento das pessoas que participaram do processo de adoção do menino de 4 anos e 8 meses, vítima de tortura, maus-tratos e que foi encontrado com diversos hematomas nesta terça-feira (23), em Campo Grande.

Tortura de criança por pais adotivos chocou polícia, diz delegada de MS (Foto: Reprodução/ TV Morena)
Marcas de tortura em criança (Foto: Reprodução/ TV Morena)
“Essa família preenchia todos os requisitos legais. [Os suspeitos] não tinham antecedentes criminais, vida pregressa que indicasse que eles eram violentos e as filhas deles são bem cuidadas. Então, a única resposta que eu tenho é que foi feito de caso premeditado, algo programado para torturar essa criança”, afirmou a conselheira tutelar Cassandra Szuberski. Durante o processo e visitas, os tios se mostravam amáveis. O Conselho Tutelar e psicólogos comentam que não havia “nenhum sinal” de algo errado. “Quando um adulto recebe a guarda de uma criança, é o abrigo de onde ela saiu que tem a responsabilidade de fazer um acompanhamento por seis meses. A intenção é verificar se ele está bem cuidado”, explicou a conselheira.
 
MENINO TORTURADO
Tortura ocorria em rituais de magia negra
  • menino é internado
  • casal confessa
  • 3º suspeito preso
  • 'múltiplas lesões', diz médico
  • relato da tortura
No caso do menino, a família estava no semestre em que ocorreriam as visitas. Quando terminou o prazo, a tia não quis mais receber a equipe do abrigo. A conselheira explicou que, nesta época, não foi feita qualquer denúncia. “Foram as profissionais do abrigo que decidiram fazer uma visita surpresa”, comentou Szuberski. Questionados, os vizinhos disseram que ouviam choro do menino, porém seria algo normal. Em alguns casos, as pessoas também não querem envolvimento e por isso existe uma campanha nacional: não desvie o olhar, fique atento, denuncie. O Conselho Tutelar foi criado para dar segurança a crianças e adolescentes que estão sofrendo violência e as retira da situação de risco. “Ele esteve em uma festa de um abrigo e estava tudo bem. Não mostrou nenhum sinal de agressão e o comportamento dele foi natural, inclusive com essa tia que ele considerava como mãe. Ela não é parente de sangue, mas é casada com o tio-avô do menino, que oficialmente tem a guarda dele”, comentou a psicóloga Liz Araújo Magalhães. No momento da visita surpresa, a suspeita disse que o menino estava dormindo. Mesmo assim, elas pediram para vê-lo e descobriram a real situação. Agora a criança está internada em uma ala isolada na Santa Casa. Ele ganhou presentes da equipe de saúde.
Criança tem ferimentos nos pés e teve uma das unhas arrancadas (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)
Criança tem ferimentos nos pés (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)
Uma nova avaliação dos oftalmologistas apontou que ele recuperou mais um pouco da visão e deve passar por novas exames na próxima semana. Com a divulgação do caso, muitas pessoas se comoveram, até de outros estados, querendo adotar o menino. A Justiça ainda não decidiu quem vai ficar com ele. Sobre os traumas, a psicóloga comentou sobre superação. “Todas as agressões acredito que não é possível esquecer, mas, com o passar do tempo e conforme ele for tendo outras experiências, pode substituir a dor por momentos prazerosos e assim descobrir que a vida não é só violência. Ela vai saber que tem mais pessoas que o amam”, avaliou. Na próxima semana, conforme o delegado Paulo Sérgio Lauretto, responsável pelas investigações, testemunhas começarão a ser ouvidas. As notificações estão sendo entregues nesta sexta-feira (26).
Objetos usados na tortura foram encontrados na casa dos tios presos (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)
Objetos usados na tortura foram encontrados na casa dos tios presos (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)

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