Mãe que teria vendido filho demonstra estar arrependida, diz delegado em PE

Mulher que teria vendido bebê para suspeita de Goiás foi ouvida novamente. Negociação de R$ 2,5 mil supostamente ocorreu por mensagens via celular.

Mulheres teriam negociado bebê por mensagens de celular  (Foto: Divulgação/Polícia Civil) Do G1 Caruaru Em novo depoimento à polícia, a mulher que supostamente vendeu o filho recém-nascido para outra de Goiás demonstrou estar arrependida, informou ao G1 nesta terça-feira (29) o delegado Frederico Marcelo, responsável pelas investigações do caso em Pernambuco. A mãe biológica teria dado à luz em Caruaru, no Agreste, e vendido a criança para uma mulher que mora em Minaçu, Goiás. Ambas foram denunciadas pelo Ministério Público de Goiás por crime previsto no artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sobre a entrega ou recebimento de criança em troca de dinheiro. A pena nesse caso varia de 1 a 4 anos. De acordo com a investigação da Polícia Civil de Goiás, o valor pago foi de R$ 2,5 mil. Em um primeiro depoimento, a mãe foi ouvida pela polícia pernambucana no dia 16 de setembro e "não demonstrou emoção" ao falar sobre o caso, segundo o delegado Pedro Santana de Araújo, sendo liberada. Em novo depoimento, realizado no município de Caruaru na semana passada, ela deu sua versão dos fatos ao delegado Frederico Marcelo. "Ela chorava muito e disse que havia se arrependido", destacou. O delegado explicou que, para concluir o procedimento em Pernambuco, espera o envio da cópia do inquérito que foi concluído em Minaçu (GO), para onde a criança foi levada e está em um abrigo mantido pelo Conselho Tutelar. "Os inquéritos de Minaçu e de Caruaru acontecem de forma paralela", detalhou. Frederico Marcelo informou também que o indiciamento da mãe biológica ainda não está definido. Denúncia do MP O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) ofereceu denúncia contra duas autônomas suspeitas de envolvimento na compra e venda de um recém-nascido por meio de uma rede social. A suposta compradora ainda responderá por falsidade ideológica, já que teria tentado registrar por duas vezes o bebê como seu filho. Ela foi a dois hospitais e obteve a Certidão de Nascido Vivo após alegar que era mãe biológica da criança. Na denúncia, o promotor de Justiça da comarca de Minaçu, Daniel Pessoa, cita que dois médicos de hospitais diferentes em Minaçu assinaram documentos aferindo a maternidade do bebê à mulher que o adquiriu. Porém, eles não têm participação no caso. "A mulher os enganou afirmando que havia dado à luz no meio da estrada, sem atendimento algum. Eles foram induzidos ao erro, não agiram de má fé", explicou ao G1. Registro A criança nasceu no dia 31 de agosto de em um hospital de Caruaru. Segundo a polícia, dois dias depois, a compradora foi até o local e pegou a criança com a mãe, onde repassou R$ 500 à mãe - ela já havia feito depósitos no valor de R$ 2 mil. Já de volta a Goiás, a mulher procurou um hospital para pedir a Certidão de Nascido Vivo para fazer o registro, alegando que o parto havia sido realizado em uma estrada do Pará sem qualquer acompanhamento. Depois de obter o documento, ela foi a outra unidade para requisitar um "atestado" para registrar a criança. Na ocasião, ela também teve acesso ao papel contando a mesma história. A suspeita foi presa na Secretaria de Saúde do município após apresentar documentos rasurados para registrar o bebê. Servidores desconfiaram e acionaram a polícia. Negociação Toda negociação ocorreu por meio de um aplicativo de mensagens de celular. Em uma delas, a mãe da criança diz que está aguardando o dinheiro para marcar o parto em um hospital da cidade. Na conversa, a suspeita responde: “Eu só estou esperando um lugar para fazer o depósito”. Em outra conversa, a autônoma relata o medo do acordo não dar certo. “Estou com tanto medo de você não me dar esse bebê. Se você desistir ou tomar outra decisão, me avisa”, disse. Em resposta, a mãe biológica do recém-nascido disse: “Estou louca para resolver logo isso tudo. Já falei que vou entregar, então, por favor, não me enche mais”.