Operação faz buscas para desmontar falso tribunal usado para aplicar golpe

Segundo o Ministério Público, suspeito se passava por juiz em Campinas. Dupla cobrava entre R$ 500 e R$ 2 Mil com promessa de solucionar casos.

Casa onde funcionava falso tribunal em Campinas, segundo o MP (Foto: Reprodução / EPTV) Do G1 Campinas e Região Uma operação conjunta de Ministério Público e Polícia Militar fez buscas, em Campinas (SP) e Valinhos (SP) nesta terça-feira (25), com a intenção de desmontar um falso tribunal de conciliação que era usado para aplicar golpes em pessoas que precisavam de atendimento judicial. Foram cumpridos quatro mandados e, em um deles, um dos suspeitos foi preso em flagrante porque tinha uma réplica e pistola e munição .45, de uso restrito. Segundo o promotor Daniel Zulian, Vinícius Alves Belmont se identificava como oficial de Justiça, usava distintivos, e atuava em conjunto com José Luiz Rodrigues de Oliveira, que se passava por juiz e dizia ser afiliado à Organização das Nações Unidas (ONU). O tribunal falso funcionava em uma casa no bairro Guanabara, em Campinas (SP). De acordo com o MP, eles atraiam quem precisava de soluções para diversos tipos de casos - seja relacionado à família, até acidentes de trânsito e reintegração de posse - e tinham uma tabela de valores. 'Custas processuais' Em geral, a dupla cobrava entre R$ 500 e R$ 2 mil e diziam que os valores eram para custas processuais, segundo o MP. "Além de se identificar como juiz para as pessoas, ele [José], dentro da sua sala, tinha uma estrutura, uma sala de audiências", descreveu Zulian. O promotor acredita que o golpe era aplicado há dois anos, mas disse que a investigação vai esclarecer. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro lugares. Na casa em Valinhos, a PM encontrou itens relacionados ao Tribunal Internacional de Justiça, outros com alusão à Polícia Militar Ambiental e outros setores da corporação. Uma réplica de pistola foi apreendida, além de uma munição .45, de uso restrito. Identificação de vítimas "O objetivo principal da busca é a identificação de vítimas, de pessoas que foram enganadas por esses dois sujeitos", disse o promotor. Zulian informou que foram apreendidos, ainda, supostos processos de mais de 50 vítimas que podem ter caído no golpe. As investigações começaram há um mês e o suposto esquema foi descoberto porque Belmont, que se passava por oficial de Justiça, pediu reforço policial para uma falsa reintegração de posse. Para dar mais credibilidade ao golpe, citou o MP, Rodrigues tinha vários certificados e diplomas de cursos jurídicos na sala onde atendia as vítimas. Um deles é o de doutorado em juiz de direito. A reportagem da EPTV ligou para a Faculdade Gospel, em Ituiutaba (MG), onde ele teria estudado. Segundo uma atendente, o curso feito à distância existe, é reconhecido pelo MEC, e Rodrigues foi aluno. Contudo, garantiu, as atividades são apenas para aperfeiçoamento. Defesa A defesa de Belmont não quis comentar sobre o caso do falso tribunal e informou que vai entra com um pedido de habeas corpus para o cliente. A EPTV tentou contato com o advogado de Oliveira, mas não conseguiu. A assessoria da ONU no Brasil informou que não existe nenhum tipo de vínculo com os suspeitos e que repudia esse tipo de atitude.