Contrabandistas usam cordas para trazer mercadorias do Paraguai

Contrabandistas da fronteira com o Paraguai estão usando cordas para trazer as mercadorias ilegalmente para o Brasil.

A quadrilha se apressa para chegar ao lado brasileiro da fronteira. Um homem fica com o carrinho lotado. Outro se aproxima. Os contrabandistas prendem as caixas em cordas e jogam as mercadorias de cima da ponte. Em poucos segundos, o contrabando chega à margem do Rio Paraná. Assim que a carga toca o chão, outro grupo se encarrega do transporte. Os contrabandistas fogem a pé pela beira do rio.

Os flagrantes foram gravados em uma área da Ponte da Amizade na fronteira com o Paraguai. Cada investida dos traficantes e contrabandistas dura, no mínimo, cinco minutos, mas eles dificilmente são presos, mesmo estando a poucos metros da alfândega, onde há fiscais da Receita Federal, policiais rodoviários federais e policiais federais.

Com uma câmera escondida, a equipe de reportagem conversou com um dos integrantes da chamada quadrilha do rapel. Ele diz que cobra R$ 70 para trazer produtos do Paraguai para o Brasil.

“Tem que pagar a Marinha, lá no Paraguai; o ‘cordeiro’, que desce; o ‘carrinheiro’, que tem o carrinho; o auxiliar; os seguranças, que cuidam a mercadoria. Pagar tudo”, revelou.

Para tentar deter a quadrilha, a Receita Federal instalou grades, barras de ferro e chapas de metal, mas não adiantou. Os contrabandistas fazem buracos, onde são colocados os suportes para as cordas, improvisados com papelão.

“A Receita Federal faz esse serviço de conserto, mas já na madrugada seguinte, eles vão ali com equipamentos como alicates e serras e conseguem serrar e abrir espaço suficiente para jogar mercadorias da ponte”, conta o assessor da Receita Federal, Ivair Hoffmann.

A segurança na ponte é responsabilidade da Polícia Federal.

“Eu teria que deslocar policiais para ficar especificamente ali em cima da ponte, fazendo rodízio, porque é cansativo o trabalho. Necessita de um maior número de policiais”, alega o delegado da Polícia Federal Emerson Rodrigues.