Polícia investiga elo entre policiais e quadrilhas que explodem caixas
Levantamentos da PM apontam que militares fornecem armas e treinamento.
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A polícia de São Paulo investiga a ligação entre policiais e ladrões de caixas automáticos na região de Sorocaba (SP) e Jundiaí (SP). Segundo a polícia, foi comprovado que as quadrilhas utilizam fuzis e munições de uso restrito das forças armadas e usam táticas de guerra durante os ataques.
As imagens do roubo de um posto de combustíveis na região de Jundiaí foram analisadas em detalhes. De acordo com a polícia, a forma como os criminosos carregam as armas e se protegem durante a ação são típicas de quem recebeu treinamento militar.
Um ladrão que aparece em uma gravação segura uma picareta com uma mão e a outra carrega uma pistola, sem baixar a guarda. A quadrilha, formada por pelo menos dez homens, usou armamento pesado para fazer o roubo e explodir os caixas.
A polícia descobriu que, pelo menos, cinco quadrilhas no interior de São Paulo agem do mesmo jeito e usam táticas militares nos assaltos. Seis policiais militares de Itatiba(SP) foram detidos. Desses, dois continuam presos.
Nesta semana, o sargento Ivan Carlos dos Santos e o cabo Geraldo Júnior Rangel foram presos dentro do quartel do Exército em Campinas (SP). Com eles, a polícia apreendeu farta munição de fuzil que tinha sido desviada e que, segundo a polícia, seria vendida para as quadrilhas que roubam caixas eletrônicos.
As investigações revelam também que as negociações entre os militares e os criminosos eram feitas por mensagens de texto. As quadrilhas acreditavam que a comunicação não seria rastreada, mas a polícia conseguiu interceptar.
Em uma das negociações liberadas pela polícia, um PM oferece armamento. A mensagem informa:
Sargento da Polícia Militar - e aí, parceiro? Interessa comprar uma 9 mm? Me liga.
Em outra mensagem aparece o preço cobrado pelo militar: R$ 4.3 mil.
O roubo a caixas eletrônicos já é um dos crimes que mais preocupam a polícia de São Paulo. A delegacia especializada que investiga essas quadrilhas registrou nos últimos dois meses 30 assaltos, mas a onda de roubos a caixas eletrônicos se espalha por outras regiões do país.
Na quarta-feira (6), em Iperó (SP), um bando usou bananas de dinamite para explodir sete caixas eletrônicos e o cofre de dois bancos. Em Porto Feliz (SP), na semana passada, criminosos também usaram dinamites para explodir oito caixas automáticos de duas agências no Centro. Nos dois casos, ninguém foi preso.
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