Comerciante que furou blitz da Lei Seca no Rio tem prisão decretada

Juíza baseou-se em denúncia de que Christiane tentou subornar PMs.

João Bandeira de MelloDo G1 Rio

A juíza Yedda Christina Ching-San Filizzola Assunção, da 17ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, decretou nesta sexta-feira (22), a prisão preventiva da comerciante Christiane Ferraz Margarinos, de 42 anos, que furou uma blitz da Operação Lei Seca, no Largo do Machado, Zona Sul do Rio, na madrugada de quinta-feira (21).

Ela foi a primeira motorista a receber mandado de prisão no estado do Rio por autuação em crimes relacionados à direção após a publicação da resolução nº 432 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que endureceu a Lei Seca em 29 de janeiro, não permitindo nenhuma quantidade de álcool no sangue do condutor. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A defesa de Christiane sustentou a tese de que a comerciante é ré primária, possui bons antecedentes, residência fixa e é mãe de uma criança de seis anos. A juíza, no entanto, negou o pedido de revogação.

Corrupção ativa
A denúncia do crime de corrupção ativa foi determinante para que a magistrada concedesse o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público, já que, de acordo com o inquérito, a comerciante ainda tentou subornar policiais militares para que não fosse autuada.

"A conduta descrita não se restringiu a oferecer dinheiro a um agente público no exercício de sua função, mas a primeiramente humilhá-lo afirmando que seus vencimentos são insignificantes, para depois ofertar de maneira audaz que o agente pedisse qualquer valor. Vencida na sua pretensão ilícita, segundo os depoimentos, a indiciada passou a violência moral. A conduta ilibada exigida de um político, de um membro de poder é a mesma exigível de um cidadão", afirma a juíza, no mandado de prisão.

A magistrada também decidiu suspender a habilitação da comerciante até que todas as provas contra ela sejam recolhidas e as testemunhas sejam ouvidas. Christiane ficará sem a carteira pelo prazo mínimo de dois anos, caso estas etapas excedam o período.

Acusada de seis crimes
Além de corrupção ativa, ela foi autuada por desobediência (ao furar o bloqueio), desacato (ao xingar os policiais militares que a prenderam), corrupção ativa (por oferecimento de dinheiro aos policiais) e por coação no curso do processo (ao alegar influência na Prefeitura do Rio e ameaçar os policiais), resistência à prisão e embriaguez ao volante.

A comerciante foi detida em flagrante e como os crimes de corrupção ativa e coação são inafiançáveis, permaneceu presa. Ela já teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida, foi multada em R$ 1.915,30 e perdeu sete pontos na carteira.