CRIME AMBIENTAL - Tráfico é ameaça para animais silvestres
Iguatu Por uma questão financeira e cultural, que remonta ao século XIX, há pessoas que fazem tráfico de animais silvestres e há aqueles que criam em cativeiro bichos da fauna nordestina. Outros caçam por puro esporte e prazer. As aves são uma das espécies mais ameaçadas: golinha, bigodeiro, caboclinho do sertão, galo de campina (cabeça vermelha), papa-capim, canário da terra, sabiá e papagaio integram a lista dos que mais sofrem com a ação predadora humana.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) trabalha em duas frentes: fiscaliza e combate o tráfico de animais silvestres e faz a recuperação das aves, devolvendo-as à natureza, ao habitat natural ou às unidades conservacionistas. A luta é desigual. O número de fiscais é reduzido, enquanto que a quantidade de traficantes parece ser crescente, numa proporção bem maior e presentes em todos os municípios.
O resultado dessa desproporção é evidente: as aves, que até bem pouco tempo eram vistas no sertão cearense, estão desaparecendo ante a ação predadora do homem. O canário da terra é um exemplo. Existia em quantidade nas matas e nas roças do Interior. "Hoje é caçado e apreendido no Peru e na Bolívia e trazidos para cá", observa o chefe substituto do escritório regional do Ibama, em Iguatu, Alberto Castro. "O canarinho não tem mais na nossa região".
Na região dos Inhamuns e nos Sertões de Crateús, o tráfico de aves é mais intenso. Depois de apreendidos, os passarinhos são levados para comercialização nas cidades do Interior e grande parte é vendida nas feiras de pássaros em Messejana e na Avenida José Bastos, em Fortaleza. Outros são levados para São Paulo e Rio de Janeiro, por meio de ônibus clandestino, para satisfazer o desejo de criação de nordestinos que migraram para a região Sudeste. Nos últimos anos, houve intensificação do tráfico de papagaios. Os traficantes mudaram a sistemática, deixando de apreender as aves. "O papagaio é um pássaro que só reproduz no mesmo lugar", disse Alberto Castro. "Os comerciantes ilegais retiram os ovos dos ninhos, deixando apenas um só, e os chocam em casa para comercialização dos filhotes". O valor de comercialização do papagaio varia entre R$ 200,00 a R$ 400,00. O preço de uma ave silvestre, nativa do sertão, em feira livre, oscila entre R$ 10,00 e R$ 50,00. "Quanto mais tempo de gaiola, mais manso for o pássaro, mais valor terá", explica Castro. "A ave que canta é mais valorizada".
Araras, tucanos e macacos costumam vir dos Estados do Piauí e Maranhão e da região Norte. O meio mais comum de transporte ilegal dessas aves é através de caminhoneiros que transportam madeiras (caibros, linhas e ripas) para o Ceará. "São vendidas nas estradas e algumas são de origens de reservas indígenas", observou Castro. "Os caminhoneiros recebem encomendas ou trazem esses animais para revenda em pontos certos".
Falta de pessoal
O escritório regional do Ibama, em Iguatu, tem uma área de abrangência de 26 municípios e dispõe de apenas dois fiscais, além do chefe da unidade administrativa. O órgão realiza várias atividades, além de fiscalização. "É impossível darmos conta de toda a área. Geralmente, agimos mediante denúncias de moradores preocupados com a questão ecológica", disse ele.
O Ibama conta com a parceria com a Polícia Militar Ambiental e nos últimos anos cresceu o envolvimento ecológico de delegados e agentes da Polícia Civil que contribuem no combate ao tráfico de animais silvestres. "Os jovens, estudantes, que recebem educação ambiental estão conscientes e não agem igualmente como os da geração passada", observa Castro. "Há uma nova consciência e, por isso, houve redução de matança e apreensão de animais".
Apesar da preocupação ambiental entre os jovens, ainda há os caçadores e comerciantes de exemplares da fauna sertaneja. Uma prática condenável, mas ainda existente, embora em menor número, é a queima com uma agulha aquecida dos olhos do sabiá e do pássaro preto. Na música "Assum Preto", composição de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, há uma clara denúncia a essa prática que remonta ao século passado.
Os animais aprendidos pela fiscalização, devolvidos, resgatados e capturados em feiras e em cativeiros são levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Fortaleza. Implantada em 2008, a unidade recebe uma média de 400 animais por mês. A maioria, cerca de 80%, é de pássaros.
A Cetas funciona como um verdadeiro hospital de animais. Dispõe de instalações para recuperação das aves, ambulatório e assistência de veterinários e de uma equipe de biólogos. Recebem alimentação adequada e tratamento. "Só não recebemos mamíferos aquáticos", explica o analista ambiental da unidade, Alberto Klefasz. "Os animais chegam debilitados, desnutridos, cansados e com fome, porque ficam em espaço superlotado".
Alerta no Estado
Ação ilegal está maior
Papagaios , tucanos e araras sofrem maus-tratos pelos traficantes. Araras, tucanos e macacos costumam vir dos Estados do Piauí e Maranhão e da região Norte. Nos últimos anos, houve intensificação do tráfico de papagaios. Os traficantes mudaram a sistemática, deixando de apreender as aves. Os comerciantes ilegais retiram os ovos dos ninhos, deixando apenas um só, e os chocam em casa. Na região dos Inhamuns e nos Sertões de Crateús, o tráfico de aves é mais intenso. Depois de apreendidos, os passarinhos são levados para comercialização nas cidades do Interior e grande parte é vendida nas feiras de pássaros em Messejana e na Avenida José Bastos, em Fortaleza.
Blog Bem-Estar Pet
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Mais informações
Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama
(85) 3474. 0001
Escritório regional do Ibama em Iguatu - (88) 3581. 2349
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
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