Mesmo com lei de segurança em vigor, ataques a bancos no Ceará batem recorde

“A situação está crítica e a tendência é que isso aumente ainda mais”, afirma o diretor jurídico do Sindicato dos Bancários, Gustavo Tabatinga

Por Roberta Tavares 

O número de ataques a bancos no Ceará aumentou assustadoramente. Somente em 2012, o Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE) registrou 117 ações no estado, sendo 51 em Fortaleza e 66 no interior.

“A situação está crítica”, afirma o diretor jurídico do sindicato, Gustavo Tabatinga. De acordo com ele, o número é recorde histórico: em 2011, foram contabilizadas 50 ações; em 2010, 36 ações; em 2009, aconteceram 24; em 2008, 8 ataques. “A tendência é que isso aumente ainda mais, infelizmente”, conta.

Lei de Segurança em vigor

Apesar de a Lei Estadual 14961/11 e o Estatuto de Segurança bancária terem entrado em vigor, os bancos continuam descumprindo as medidas, como proibição do uso de celulares, implantação de biombos de 2 metros de altura, de câmeras de segurança e de portas giratórias e blindadas.

As medidas foram tomadas com o intuito de reduzir, principalmente, as saidinhas bancárias, que são os assaltos realizados após a saída dos clientes das agências. Os criminosos costumam escolher suas vítimas dentro dos bancos, comunicando-se com os comparsas usando celulares.

Multas

O estatuto bancário foi regulamentado em junho, de acordo com o assessor júridico do Procon Fortaleza, Airton Melo. Os bancos tinham 120 dias de prazo, depois da publicação da lei, para promoverem as adequações. “Cerca de 90 bancos de Fortaleza já foram notificados”, afirma. Conforme a legislação, após a notificação do Procon, o banco tem até 10 dias úteis para se adequar às medidas.

Persistindo o erro, o estabelecimento deverá pagar multa de 100 mil Unidades Fiscais de Referência do Ceará (Ufir), ou seja, R$ 575.700,00. Segundo o Procon, o valor de cada Ufir é de R$ 57,57. Caso o banco continue descumprindo a medida, em até 30 dias, o pagamento aumenta para 200 mil Ufirs. A terceira providência, e mais significativa, é a interdição da agência, até que sejam feitas as adequações.

“Bancos não têm coração, têm cofre”

“Os bancos não têm coração, eles têm cofre. Com essas multas grandiosas, as agências começaram a instalar os dispositivos, porque afinal, só sentem quando pesa no bolso”, conta Tabatinga.

No entanto, além da segurança dos bancos, Tabatinga lembra a importância de policiamento para evitar os ataques, principalmente no interior do estado. “As cidades do interior estão entregues às moscas. Os assaltantes explodem caixas eletrônicos, sitiam o município e sequestram gerentes. Além de se preocupar com a situação dos bancos, é preciso ter mais policiais nas ruas tanto para previnir os crimes como para prender os culpados”.