Por: Redação
Agentes da Polícia Federal (PF) em Alagoas deflagraram na manhã desta sexta-feira, 14, a segunda parte da operação “CID-F” – Classificação Internacional de Doença – nomenclatura do código usado pelos médicos para descrever no prontuário de licença qual a doença do paciente – iniciada em junho de 2011.
Vários mandados foram cumpridos pelas equipes da polícia, principalmente em bairros da parte alta de Maceió. Informações dão conta que foram cumpridos quatro mandados de prisão expedidos pela Justiça, além de 20 mandados de busca e apreensão, e 20 conduções coercitivas - quando as testemunhas são obrigadas a se dirigirem à sede da PF para prestar depoimento. Entre os suspeitos, localizados nesta manhã, estão um auxiliar de um escritório de advocacia, um contador e dois aliciadores.
A operação iniciada no ano passado foi determinada pela Justiça Federal (JF) que expediu mandados de prisões contra integrantes de uma quadrilha formada por três médicos peritos e três funcionários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em Maceió, que emitiam concessões por invalidez ou transtornos mentais de pessoas sadias e que resultou num prejuízo aos cofres da previdência no valor de R$ 12 milhões.
Ao todo foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão. Vinte e quatro pessoas, entre médicos-peritos, servidores do INSS e contadores, foram presas entre eles o médico-perito Fabiano França, do INSS e o servidor do órgão Cícero Antônio Valério da Silva, o “Professor Valério do INSS”, que se apresentou a PF que chegou a acusar que tinha em mãos um dossiê que supostamente incriminava o ex-superintendente do INSS em Alagoas e atual deputado estadual, Ronaldo Medeiro (PT).
O esquema teve início em 2007, quando o esquema começou a ser denunciado ao Ministério Público federal (MPF) e a Procuradoria Geral da União (PGU), através de emails de outros médicos que identificaram no dia a dia, a ocorrência das fraudes.
De acordo com a PF os exames eram marcados para os médicos e os peritos envolvidos no esquema fraudulento, que se apropriavam indevidamente das consultas para propagar o esquema.
Após as denuncias chegarem a PF foi descoberta que a quadrilha havia “montado empresas” de fachada a fim de garantir que os envolvidos recebessem os benefícios fraudados. Uma das “empresas” localizadas foi uma padaria, onde 119 pessoas, que alegaram vínculo trabalhista com o estabelecimento, chegaram a adquirir o auxílio por doença mental. Por mês, a folha de pagamento da falsa padaria somava um valor de R$ 100 mil. Ainda segundo a PF, o estabelecimento nunca existiu e no endereço informado no cadastro no INSS, nada foi encontrado.
De acordo com o delegado Alexandre Borges, que comandou as investigações na fase inicial, mais de 400 benefícios foram fraudados. Na operação desta sexta-feira os trabalhos foram coordenados pelo delegado federal Antônio Miguel.
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