Seis PMs são presos por abordagem a suspeitos antes de ataque a ônibus
Outras 7 pessoas foram detidas suspeitas de incendiarem o veículo.
Do G1 São Paulo
Seis policiais militares foram presos em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio após abordagem a dois suspeitos, que teria ocasionado a morte de um deles e o ataque a um ônibus na Zona Norte de São Paulo neste domingo (9). De acordo com o coronel Audi Felix, os PMs foram detidos porque testemunhas da abordagem contaram versões diferentes das apresentadas pelos policiais.
Duas equipes da corporação participaram da ação. A resistência teria acontecido com a primeira delas, depois chegou a outra. Os disparos fatais que atingiram o jovem foram efetuados pela primeira equipe. Entre os PMs detidos estão um tenente, um sargento, três soldados e um cabo. Eles serão levados para o Presídio Romão Gomes.
“Chegaram testemunhas dando uma nova versão dos fatos e cabe ao delegado entender. E ele entendeu, dentro das convicções dele, que é o caso de fazer autuação em flagrante e delito”, explicou Félix. “Há contradição com o relato dos policiais militares. Eles são firmes em dizer que no momento do confronto não havia ninguém na via pública, mas tudo isso vai ser apurado”, complementou.
Moradores da região relataram que houve espancamento de outras pessoas durante a ação. Segundo a Secretaria da Saúde, o irmão do jovem que foi baleado está internado no Hospital Vila Maria, com um trauma no maxilar, que seria decorrente de um confronto com um policial.
No entanto, o coronel Félix disse que não há informações sobre essa ocorrência. “Não há informação sobre nenhum espancamento de vítima. Eles [policiais da segunda equipe] chegaram depois e participaram tão somente do socorro da segunda pessoa baleada”, afirmou.
"Pessoalmente, fico triste com a notícia porque são companheiros e estavam trabalhando. Mas, infelizmente, a vida de um policial militar está sujeita a isso. Nós torcemos para que toda a verdade venha à tona, mas a PM não acoberta nenhuma ação indevida", concluiu. Além do inquérito policial, a PM também instaurou um inquérito administrativo para apurar os fatos.
Outras sete pessoas foram presas na tarde deste domingo (9) suspeitas de participarem dos ataques aos ônibus, informou o Delegado da Seccional Norte, Cosmo Stikovics Filho. Alguns deles ficaram queimados e precisaram ser socorridos a hospitais da região.
Dois passageiros não conseguiram descer e morreram carbonizados em um dos ataque, de acordo com a Polícia Militar.
O caso
O Delegado Geral da Polícia Civil, Mauricio Blazek, disse neste domingo (9) que os dois jovens foram baleados por policiais militares após resistirem à abordagem.
Em nota, a Polícia Militar informou que os policiais solicitaram aos dois suspeitos que deixassem o veículo. Segundo a PM, eles desceram atirando. Houve troca de tiros. Os dois foram socorridos e levados para o Pronto-Socorro São Luiz Gonzaga, na região do Jaçanã, mas um deles morreu.
A mãe do suspeito ferido disse que o filho de 18 anos levou dois tiros. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o rapaz passou por uma cirurgia para retirar a bala e permanece internado na UTI do Hospital São Luiz Gonzaga, em estado estável, sob escolta policial.
Ao ser informada pela polícia de que o filho foi ferido por ter resistido a uma abordagem, ela afirmou que o rapaz “nunca andou armado”. Segundo ela, ele teve uma passagem por porte de drogas há dois anos. Com os suspeitos, a PM disse ter apreendido uma pistola Taurus calibre 640 e um revólver Taurus calibre 38.
01 - Ônibus foi incendiado na manhã deste domingo (Foto: Fabiano Correia/ G1)
02 - Coronel Audi Felix (Foto: Fabiano Correia/G1)
03 - Delegado Geral da Polícia Civil, Maurício Blazek (Foto: Fabiano Correia/G1)
04 - Carro da PM que foi atingido pelos disparos (Foto: Fabiano Correia/G1)
05 -Ônibus foi incendiado na Zona Norte da capital paulista (Foto: Edison Temoteo/Estadão Conteúdo)
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