A operação começou por volta das 6 horas, quando os pelotões do Batalhão de Choque da PM e Guarda Municipal chegaram à Praça. Até o dia 23 de dezembro, policiais continuam no local para evitar novas invasões.

A operação intitulada Centro Legal, coordenada pela Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), retirou os feirantes que, desde o início de novembro, haviam ocupado a Praça José de Alencar, desafiando a fiscalização. A ação contou com o apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Pelotão Especial da Guarda Municipal e Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) e foi realizada sem confrontos ou prisão.

O objetivo, informa a titular da Sercefor, Luciana Castelo Branco, é impedir, de forma pacífica, os ambulantes irregulares, que comercializam no atacado, de ocuparem o logradouro. "É certo, nesta época do ano, haver uma verdadeira invasão deles na cidade. O que estamos fazendo é coibir a prática ilegal", explica a secretária. Segundo ela, o Centro possui 2.123 ambulantes cadastrados e, atualmente, mais de quatro mil se espalham pelas ruas centrais. Desses, cerca de mil disputavam cada centímetro da Praça e do entorno.

Os últimos dias, principalmente o fim de semana passado, foram de verdadeiro caos e de muitas reclamações da população e do comércio formal. "A gente não podia mais passar pela Praça. Eram tantos que dava medo, pois brigavam até entre eles", contou a comerciária Maria Paula Ferreira.

Suporte

A operação começou por volta das 6h, quando os pelotões do Batalhão de Choque da PM e Guarda Municipal chegaram à Praça. De acordo com o capitão Alexandre Rodrigues, que comandou a tropa, 51 policiais e mais viaturas do Comando Tático Motorizado (Cotam) deram suporte ao trabalho realizado pelos fiscais da Sercefor. "A gente está aqui para também evitar confrontos e ajudar na segurança do espaço", disse.

A 5ª Companhia da Polícia Militar também participou da iniciativa e deslocou cinco PMs para o local. Eles irão permanecer na Praça, garantindo a segurança, mesmo com a saída do Batalhão de Choque, o que ocorreu por volta das 9h. Uma viatura do Ronda do Quarteirão deu apoio ao trabalho.

O sub-inspetor Henrique Martins, comandante da operação por parte da Guarda Municipal, informou que 50 guardas vão estar participando da ação, que deverá durar até o dia 23 de dezembro. "Nossa ordem é evitar comercialização de feirantes não só dentro da Praça, mas nas calçadas e pista de rolamento de seu entorno", informou.

O certo, salienta Luciana Castelo Branco, é que muita gente vem de fora para comercializar no Centro. "Nesta época, o número de consumidores mais que triplica, passando de 200 mil por dia para 700 mil diários, e isso atrai a ação desses camelôs que vêm até de outros Estados em busca de lucro", avalia

Segundo ela, a reforma prometida para a José de Alencar ficará para a próxima gestão. "Não por querer nosso, mas devido à obra do Metrô - Estação da Avenida Tristão Gonçalves -, que deverá ficar pronto somente em fevereiro de 2013".

Invasões

A polêmica em torno de ambulantes irregulares que invadem a Praça José de Alencar não é de agora. Em janeiro de 2009, atendendo à recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e Estadual (MPE) - que solicitaram a liberação da Praça para a população - foi realizada uma operação da Prefeitura, com apoio da PM e pelotão especial da Guarda, que retirou os ambulantes do logradouro.

Em 2010 e 2011, aconteceu a mesma ação. "A sensação é de impunidade", avalia o comerciante Jaime Pedrosa Filho. Para ele, o projeto de uma rua exclusiva para os camelôs, a exemplo de 25 de Março, em São Paulo, seria alternativa. "Só assim, eles ficariam num lugar e só quem tivesse interesse iria até lá".

Antes de 1870, a Praça José de Alencar era a antiga Praça do Patrocínio, quando passou a ser chamada de Marquês do Herval, em homenagem ao General Manuel Luís Osório (1803-1879). Passa a ter a denominação atual com as comemorações do centenário de nascimento do romancista José de Alencar, em 1929.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER