Ceará registra média de 11 pessoas desaparecidas ao mês
EM 2012
Além de crianças e adolescentes, idosos também somem de casa diariamente, conforme levantamento
Hoje, Dia da Criança, pelo menos seis famílias cearenses ainda sofrem com o desaparecimento de seus filhos: Miguel, de 7 anos; Valesca, de 11; José, de 12; Amanda, de 13; Antônia e Ana, de 14 anos, fazem parte das estatísticas do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) de 2013. De acordo com o Centro, um dos braços da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) do Estado, somente nos primeiros nove meses deste ano, 95 pessoas sumiram de casa. Do total, 92 foram encontradas pelo serviço: 91 crianças e adolescentes e um idoso. Os dados de 2012 também são semelhantes e revelam que uma média de 11 pessoas desaparecem de seus lares por mês no Estado.
Além das cinco crianças ainda desaparecidas, a adolescente, Ritiely, 17, e outros quatro adultos continuam sem paradeiro. Dos encontrados, o idoso Juciê Santiago, ainda aguarda contato com a família. Ele foi localizado por um equipe da unidade do Creas, no Eusébio, desorientado e sem documento. Só lembrou do nome e nada mais.
Os conflitos familiares, motivados, na maioria das vezes, pelo uso de drogas (pais usuários ou filhos viciados) são apontados pelo órgão como a causa principal para fugas de crianças e adolescentes dos lares. Os números podem ser mais elevados ainda, avalia a assistente social, Rafaelle Barbosa, na coordenação interina do Creas. "Muitas famílias não denunciam ou acabam procurando as delegacias sem entrar em contato conosco", afirma ela. Quando a família constatar o desaparecimento de um parente, aponta ela, o primeiro passo é comunicar a uma delegacia, para iniciar as buscas. Em seguida, é preciso informar o caso ao Creas. "Até porque o órgão é um aliado da Polícia, fazendo um trabalho de divulgação dos casos na mídia, contas de energia e em murais em órgãos públicos. Facilitando, dessa forma, a localização dessas pessoas", informa.
O Creas também oferece acompanhamento psicossocial às famílias. Quando a pessoa é encontrada, tem a ajuda de um assistente social, psicólogo e, se necessário, de advogado. "No entanto, a gente enfrenta resistência para exercer o trabalho. Muitos, quando reencontram o parente, acham que isso já resolveu o problema e não é bem assim. O fato acontece quando o desaparecimento é motivado por violência doméstica".
O trote é outro fator que dificulta a atuação do Creas. Rafaelle frisa que eles emperram os atendimentos. "Dia desses, alguém passou um trote garantindo o desaparecimento de um adolescente, nos dando detalhes. Enviamos equipe para o endereço indicado, e tudo não passou de brincadeira", diz.
Prejuízos
Além do trote, Rafaelle orienta quem costuma compartilhar nas redes sociais, como o Facebook, os pedidos de auxílio para localizar principalmente crianças sumidas. "Atualmente, observamos um grande número de postagens nesse sentido. Muitas não são verdadeiras", alerta a assistente social.
O ideal, indica ainda, é averiguar a veracidade da informação antes de curtir ou compartilhar com os amigos da rede. "Se tiver telefone, melhor. A pessoa liga e confirma. Se tiver dúvidas, é preferível não fazer nada", aconselha.
Na maioria dos casos de pessoas desaparecidas, tempo é um fator importante, principalmente em se tratando de crianças e adolescentes. Nesses casos, os minutos seguintes ao sumiço são os mais importantes. É preciso, aponta Rafaelle, procurar a Polícia e o Creas para registrar ocorrência. Para facilitar, uma descrição completa é feita: ou seja, cor dos olhos, dos cabelos e altura da criança ou adulto devem ser registrados.
O Creas também precisará saber o que a pessoa estava vestindo quando desapareceu. Outra informação importante para o órgão é a respeito de características peculiares e que possam facilitar a identificação, como, por exemplo, alguma marca do pelo corpo (cicatrizes ou marcas de nascença) ou algum tipo de deficiência ou características da fala. Uma foto recente é fundamental para o trabalho.
"Não é necessário esperar 24 horas. A busca deve ser imediata. Se possível, a família também deve divulgar cartazes com as fotos da criança nos meios de comunicação e em locais de grande circulação", acrescenta ainda a gestora.
Mais informações
Telefones para denúncias: 0800.285.1407/3101.2737
Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas)
Rua Tabelião Fabião, 114 - Presidente Kennedy - 3101.2739/2736/2737
Conflitos familiares, motivados, na maioria das vezes, pelo uso de drogas, são apontados como a causa de fugas de crianças e adolescentes FOTO: WALESKA SANTIAGO
LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER




Comentários