CRM-MG emite 10 registros para Mais Médicos, mas presidente vai recorrer

Itagiba Filho afirmou que Mais Médicos é \'improvisado\' e \'eleitoreiro\'.

O novo presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), Itagiba de Castro Filho, disse que dez profissionais inscritos no programa Mais Médicos já conseguiram o registro até o início da tarde desta quarta-feira (2) e estão aptos a fazer atendimentos no estado. Os registros foram emitidos após determinação judicial que estabelecia liberação imediata das autorizações. Apesar de emitir os dez registros, Itagiba Filho disse que vai entrar com um recurso contra a decisão da Justiça Federal.

No entendimento da Justiça, o CRM-MG não pode exigir que os estrangeiros e brasileiros com formação no exterior apresentem os nomes do tutor e do supervisor, além do local de trabalho, para conseguir o registro. Já o presidente entende que, sem estas informações, o CRM-MG não consegue fazer o seu trabalho, que é o de acompanhar e fiscalizar a prática médica. O CRM informou que não vai divulgar, por enquanto, os nomes dos dez médicos que já conseguiram o registro.

Filho disse ainda, durante entrevista coletiva, que é contra o programa do governo federal Mais Médicos. Segundo ele, a medida é insuficiente para resolver o problema da saúde no país. “Foi imposto [o programa Mais Médicos] de maneira improvisada, e teve uma finalidade eleitoreira”, argumentou.

O presidente empossado nesta terça-feira ainda completou dizendo que o Mais Médicos foi uma tentativa de resposta ao “clamor das ruas”, referindo-se às manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas em todo o país em junho deste ano. “Não é isso que a população pediu. A população pediu, inclusive, hospitais padrão Fifa. A população quer sair das filas dos prontos-socorro. Ela quer ter o direito de realizar um exame, quando solicitado, em tempo hábil. Ela quer ter o direito de internar, quando precisar. E ela quer receber serviço de qualidade”, afirmou.

Mesmo contra o programa, Itagiba acha que a vinda de médicos para o estado é um benefício para a população, mas ela em si não basta para solucionar o problema da saúde.

Nesta terça-feira, o presidente havia dito ao G1 que iria cumprir a determinação judicial, mas que cobraria do Ministério da Saúde as informações sobre os tutores, supervisores e local de trabalho dos médicos. “Essa é uma questão que não está mais em fase de discussão, depois que houve uma decisão da Justiça, o que vale é cumprir. A questão agora é exigir do Ministério da Saúde o que ele próprio determinou na Medida Provisória 621, que sejam descritos os nomes do supervisor, tutor acadêmico e localidade onde cada um exercerá a atividade da medicina”, afirmou. Ele foi empossado nesta terça, em meio a polêmica com seu antecessor, João Batista Gomes Soares.

O novo presidente também fez duras críticas ao parecer do deputado Rogério Carvalho (PT-SE) à Medida Provisória que estabelece o programa que, entre outras medidas, sugere que o registro seja emitido pelo Ministério da Saúde, já que vários conselhos regionais se mostraram contra. Segundo o médico, esta é mais uma ação autoritária do governo. E fez a pergunta retórica “para que existem os conselhos?”. Pelo parecer, a fiscalização da atividades dos profissionais ainda seria feita pelos CRMs.

Itagiba Filho afirmou que Mais Médicos é \'improvisado\' e \'eleitoreiro\'. (Foto: Pedro Ângelo/G1)

Pedro ÂngeloDo G1 MG