Hospitais do Rio ficam lotados com casos de suspeita de dengue

G1 foi a três unidades de saúde na Zona Norte do Rio.

Renata SoaresDo G1 Rio

O grande número de casos de dengue no Rio vem preocupando cada dia mais a população. O motivo é a demora no atendimento dos hospitais da cidade. Nesta segunda-feira (15), o G1 foi a três unidades de saúde - duas particulares e uma pública, localizadas na Zona Norte: Hospital Pasteur, no Méier; Hospital Norte D\'Or, em Cascadura; e Hospital Municipal Salgado Filho. Em todos, pacientes e acompanhantes relataram que a espera chegava a até três horas.

Procurada pelo G1, a assessoria do Pasteur informou, por meio de nota, que "nos horários de pico, após a estratificação do risco, os casos de baixa complexidade, podem levar de 1 hora a 1 hora e 30 minutos para o atendimento médico. Além dos casos suspeitos de dengue, na última semana, os casos de retorno de dengue também estão contribuindo para o aumento de demanda (são os pacientes que necessitam de hidratação venosa e monitoramento das plaquetas)".

Segundo o corretor de imóveis Rodolfo Oliveira, ele chegou ao Pasteur por volta das 18h30 com a mulher, que estava com suspeita de dengue. Ela teve que esperar cerca de uma hora e meia para ser atendida na triagem.

"Quando a gente chega aqui, eles colocam um cartão da cor verde, amarela ou vermelha na gente. Eles dizem que é classificação de risco. Mas dificilmente eles colocam cartão amarelo ou vermelho. E aí a sala de espera fica lotada, o corredor fica lotado e os pacientes permanecem aqui durante uma, duas até três horas", explicou Rodolfo, que acrescentou ainda que a esposa queria ir para outro hospital:

"Ela estava agoniada aguardando ser atendida e pediu para que eu a levasse para outra unidade. Mas acho que ultimamente está tudo cheio", completou.

Essa foi a solução que o professor Jorge Mathias encontrou. Ao chegar ao hospital com dor no corpo, febre e muita dor de cabeça, ele desistiu do atendimento ao ver o tamanho da fila no corredor. "É uma falta de respeito com os enfermos. A atendente disse que na triagem só tinham duas enfermeiras. Imagine os médicos. Infelizmente ainda vivemos em um país, onde a saúde é um quesito muito falho", contou.

Salgado Filho e Norte D\'Or

Apesar de estarem com as emergências vazias, o Hospital Municipal Salgado Filho e o particular Norte D\'Or também foram alvos de reclamação. O comerciante Tiago Souza relatou que já havia ido em algumas outras unidades antes.

"Aqui está vazio, mas engana também porque a demora é a mesma. Você chega aqui passando mal e eles pedem para esperar. Mas essa espera é eterna. Eu mesmo tive que levantar várias vezes e perguntar para a atendente quanto tempo levaria. É vergonhoso", disse Tiago que foi atendido duas horas depois de chegar à unidade.

A demora também foi motivo de revolta no Hospital Norte Do\'r, em Cascadura. Acompanhante da filha Tainá, de 5 anos, a promotora de eventos Teresa Duarte contou que a chegou às 19h na unidade e que a atendente garantiu que seria rápido, mas segundo ela, a espera demorou uma hora.

"Parece pouco, mas para uma criança de cinco anos é muita coisa. Tentei conter a febre dela em casa, mas não adiantou e tive que vir correndo pra cá. Antes tivesse permanecido em casa. A direção precisa tomar uma medida o mais rápido possível para tentar acelerar esse atendimento", disse.

Em nota, o Hospital Salgado Filho informou que a "unidade conta com serviço de classificação de risco, no qual todos os pacientes são avaliados e o atendimento é feito conforme a gravidade. Desta forma, pode haver demora pontual nos casos menos graves".

O Norte D\'Or foi procurado, mas até a publicação desta reportagem não tinha se pronunciado sobre o assunto.