No Brasil, cerca de 3 milhões de pessoas estão infectadas pela Hepatite C

Jessica Fortes

Da Redação

A Hepatite C é causada por um vírus transmitido principalmente pelo sangue contaminado, mas a infecção também pode passar através das vias sexual e vertical (da mãe para filho). Se não diagnosticado e não tratado, o portador do vírus da hepatite VHC pode desenvolver uma forma crônica da doença que leva a lesões no fígado (cirrose) e câncer hepático.

“Vinte por cento desses pacientes se não tratados podem evoluir para a cirrose e uma parcela significativa destes pode vir a ter câncer de fígado e tendo cirrose avançada, necessitar de transplante de fígado”, explica a coordenadora do Comitê de Hepatites do Ceará (CHC), dra. Elodie Bonfim Hipólito. No Brasil, há cerca de 3 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C. Não há vacina contra a doença. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, o País sofre hoje de uma endemia intermediária da doença.

SINTOMAS
A hepatite C é assintomática na maioria dos casos, ou seja, o portador não sente nada após a infecção pelo vírus. Em algumas situações, pode ocorrer uma forma aguda da enfermidade que antecede a forma crônica.

Nesses casos, o paciente pode apresentar mal-estar, vômitos, náuseas, pele amarelada (icterícia), dores musculares. No entanto, a maioria dos portadores só percebe que está doente anos após a infecção, quando apresenta um caso grave de hepatite crônica com risco de cirrose e câncer no fígado.

Segundo Elodie Bonfim, como a doença é assintomática, as pessoas devem ficar de olho se fazem parte do grupo de risco da doença. “Se o indivíduo já teve sífilis e gonorréia, ou qualquer pessoa que ache que deve fazer um teste de HIV por qualquer motivo, tem uma chance muito maior de ter hepatite B ou C”, explica.

Pessoas que receberam transfusões antes de 1993 (as seringas eram de vidro, esterilização não eficaz); que utilizem qualquer tipo de droga ou que faça tratamentos estéticos com agulha estão no grupo de risco.

A especialista ressalta ainda que as tatuagens, que são muito frequentes atualmente, também oferecem risco, pois muitas vezes a pessoa só se preocupa com a agulha descartável. No entanto, a tinta é a mesma que se usa para todos os tatuados. “Isso pode transmitir e contaminar outras pessoas. Toda e qualquer pessoa que se inclui neste grupo, tem risco de contaminação acrescido”, alerta.

DIAGNÓSTICO
Para o correto diagnóstico da hepatite C, é necessário fazer o exame anti-HCV e para hepatite B, o HBS Ag. A coordenadora do CHC ressalta que é muito importante que as pessoas façam esses testes para diagnosticar a hepatite, pois outros exames como o hemograma completo, por exemplo, não detectam o problema. Ela explica ainda que os exames podem ser realizados em qualquer posto de saúde, basta procurar um médico e solicitar.

TRATAMENTO
O tratamento consiste na combinação de uma substância antiviral produzida por nosso organismo e que combate o vírus da hepatite C, injetável três vezes por semana associado a uma droga administrada por via oral por um tempo que varia entre seis meses e um ano. Esses medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo SUS.

Quando não há cirrose instalada, as chances de eliminação total do vírus do organismo variam entre 30% e 70%, dependendo do tipo de vírus. No início do tratamento, os sintomas são semelhantes aos de uma gripe forte: dores no corpo, náuseas, febre. Perda de cabelo, depressão, vômitos, emagrecimento são outros sintomas possíveis. Ascite (barriga d’água), cansaço extremo, confusão mental podem ser sintomas do estado avançado da doença.
A cura é definida pela ausência de vírus no sangue seis meses depois de terminado o tratamento.

As chances variam entre 40% a 60%, dependendo do tipo de vírus. A médica esclarece, ainda, que profissionais de saúde, manicures, policiais, profissionais do sexo e qualquer pessoa que tenha um risco acrescido, que entre em contato com sangue, tem direito a vacina gratuitamente e aqueles que não preencherem esses critérios podem procurar as clínicas de vacinação (particular) para se informar e se vacinar.

E finaliza, ressaltando a necessidade de as pessoas buscarem seu diagnóstico. Apesar de ter tratamento, ainda falta informação não só da população como também de alguns profissionais. “Se você faz parte do grupo de risco, procure um médico e peça os exames necessários para o diagnóstico correto da hepatite C, pois os riscos de se contaminar com a hepatite C em um contato desprotegido é 20% maior que do que a contaminação do HIV”, conclui.

RECOMENDAÇÕES
* Não utilize drogas injetáveis;
* Certifique-se de que todo o material utilizado para coleta de sangue seja descartável;
* Verifique se agulhas ou qualquer outro objeto que entre em contato com sangue é descartável ou está devidamente esterilizado;
* Leve seu próprio material quando for à manicure;
* Se quiser engravidar ou estiver grávida, faça o teste para saber se é portadora do vírus da hepatite C;
* Só faça sexo com preservativo;
* Tome as vacinas contra as hepatites A e B, a vacina contra gripe todos os anos e a vacina contra pneumonia, se é portador de hepatite C. (Fonte: site do Dr. Drauzio Varella ) 

drauziovarella.com.br)