Por Rafael Nascimento, g1 Rio

Mulher morta em Santa Cruz tinha acabado de pegar filho no futebol; criança de 7 anos foi baleada no peito

Parente de 2 das vítimas de tiroteio na tarde desta quinta-feira (31) disse que alvo de milicianos tentou se esconder no carro onde mãe, filho e amiga estavam.

Uma das duas mulheres mortas em um tiroteio entre milicianos em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na tarde desta quinta-feira (31), levava o filho da escolinha de futebol para uma aula particular quando começaram os disparos — e ambos acabaram atingidos. A gerente Stefany Barros, de 23 anos, ainda foi levada para o Hospital Municipal Pedro II e, antes de morrer, falou com o pai: “Cadê o Bernardo? Pai, cuida do meu filho.”

Stefane e a amiga, Thuany Rocha Batalha, morreram baleadas, e Bernardo Loureno da Silva, de 7 anos, também atingido, estava em estado grave no Pedro II nesta sexta-feira (1º).

Stefany Barros, o filho, Bernardo, e Thuany Batalha — Foto: Reprodução/TV Globo

Carro onde estavam Stefany, Bernardo e Thuany — Foto: Reprodução/TV Globo

Moradores se aglomeram ao redor de carro alvejado em Santa Cruz — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Segundo uma tia de Bernardo, Rafinha, o miliciano alvo do atentado, tentou se esconder atrás do carro onde o sobrinho estava com a mãe e a amiga.

A tia contou que a criança pergunta para a mãe várias vezes.

Essa parte foi a pior. Ele pergunta: ‘Tia, cadê a minha mãe? Eu quero a minha mãe, tia!’”

— tia do Bernardo

Entenda o ataque

Stefany, Thuany e Bernardo são vítimas de uma disputa entre dois ex-aliados: Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Alan Ribeiro Soares, o Nanan.

Segundo as investigações, nesta quinta-feira comparsas de Zinho foram até a Praça do Alvorada, no sub-bairro João XXIII, atrás de um homem identificado como Rafinha, do bando de Nanan.

O carro onde mãe, filho e amiga estavam ficou na linha de tiro entre Rafinha, que ia para uma barbearia, e os rivais. Pelo menos 20 tiros acertaram o veículo. Thuany morreu na hora, e Stefany, socorrida com o filho, horas depois. Rafinha revidou aos tiros e não se feriu.

Zinho é irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko, de quem Nanan foi homem de confiança.

A aliança se rompeu depois que Ecko foi morto em uma ação da polícia em junho de 2021. Quem assumiu a quadrilha foi Zinho, e Nanan acabou se rebelando e passou a disputar áreas de Ecko que Zinho herdou.