ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS: Interior se destaca, mas Capital ainda concentra ICMS
Iguatu. Depois de 25 anos de sucessivos governos estaduais que apresentam como uma das principais propostas a interiorização do desenvolvimento, os dados mostram a elevada concentração da riqueza na Região Metropolitana de Fortaleza. A Capital mantém as principais atividades econômicas e a geração de emprego. Dois polos despontam no Interior, Sobral e Juazeiro do Norte, mas ainda de forma reduzida.
Dois indicadores de crescimento econômico das cidades são o recolhimento do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Produto Interno Bruto (PIB). Em 2012, segundo a Secretaria da Fazenda (Sefaz), os três municípios que mais arrecadaram o imposto estão incluídos na Região Metropolitana da Capital. São eles: Fortaleza, Maracanaú e Caucaia.
Os dados mostram a intensa concentração da riqueza na Grande Fortaleza. A Capital sozinha recolheu em 2012, R$ 5,7 bilhões de ICMS. Maracanaú que ocupa o segundo lugar aparece com recolhimento de R$ 491 milhões, ou seja, menos de 10% do que arrecadou Fortaleza no mesmo período.
"A economia cearense está fortemente concentrada na Capital e municípios da região Metropolitana", observa o engenheiro e especialista em logística empresarial, Antonio Oliveira Neto.
O município de Caucaia que está em terceiro lugar no ranking arrecadou R$ 280 milhões, em 2012, isto é, somente 57% do imposto colhido pelo segundo lugar, Maracanaú. Para o quarto lugar, Sobral, há uma queda ainda maior de cerca de 50% em relação ao terceiro na lista, pois a arrecadação foi de R$ 144 milhões. Juazeiro do Norte ocupa a quinta posição com uma contribuição de ICMS R$ 133 milhões, no ano passado.
O PIB representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos numa região, em certo período. É, portanto, um dos indicadores mais utilizados na economia com objetivo de mensurar a atividade econômica e a riqueza de uma região.
Segundo dados do IBGE, com base em 2009, Fortaleza ficou com 48,38% do PIB do Estado. Maracanaú tem uma parcela de 5,38%; Caucaia, 3,34%; Sobral, 2,99%; Juazeiro do Norte, 2,42%; Eusébio, 1,64%; Horizonte, 1,62%; Crato, 1,10%; São Gonçalo, 1%;Maranguape, 0,97%; Aquiraz, 0,92% e Iguatu, 0,91%.
Excluindo Fortaleza, a soma do PIB das 11 cidades seguintes com maior indicador representa apenas 22,3% da riqueza do Estado. Nesse percentual, estão incluídas as sete cidades da Região Metropolitana da Capital. "Sobra cerca de 25% para todo o restante do Estado", observa Neto. "E o pior é que nessas cidades a riqueza está concentrada em um grupo pequeno de empresários e profissionais liberais".
Polos no Interior
Dentro desse quadro de concentração de renda, a novidade é a tendência de fortalecimento econômico de Sobral, na zona norte, e Juazeiro do Norte, no Sul, no Cariri cearense. Realmente, quem visita essas duas cidades observa a onda de crescimento das atividades de comércio, serviços e indústria.
Há expansão imobiliária, novos estabelecimentos são abertos a cada mês e a perspectiva é de implantação de novas plantas industriais. O analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Ítalo Paiva, observa que o ICMS mostra com clareza o dinamismo econômico e se comparado com a curva do PIB há praticamente semelhança entre esses dois indicadores.
"É uma lógica simples, onde há mais arrecadação de ICMS há mais riqueza econômica, as atividades de comércio e indústria são mais desenvolvidas".
Ítalo Paiva mostra-se otimista com o cenário econômico estadual. "A concentração econômica em torno de Fortaleza é clara, mas já houve mudanças, principalmente na zona norte e no Cariri, talvez em uma velocidade não esperada", avaliou.
"A gente gostaria que a interiorização do desenvolvimento fosse acelerada, mas algumas cidades já refletem a opção do governo que se esforça em levar investimentos para o Interior", disse.
Mesmo sem um dado comparativo, Ítalo Paiva arrisca afirmar que há duas décadas, as cidades do Interior estavam mais dependentes de recursos repassados pelo governo federal para as prefeituras e para os aposentados do INSS. "A infraestrutura de vários núcleos urbanos foi modificada nas duas últimas décadas, com melhores vias, escolas, hospitais, rodoviárias e aeroportos", observou.
"Esses são fatores que contribuem para o crescimento econômico, atração de empresas". Na avaliação de Paiva, as cidades que apresentavam maior desenvolvimento são as que estão crescendo em ritmo mais acelerado. São exemplos: Sobral e Juazeiro do Norte.
Quanto ao esforço do governo para atração de investimentos industriais no Interior, ele observa: "O incentivo é necessário, mas não é suficiente, pois há outros fatores característicos do negócio, como a localização, que às vezes é determinante para a viabilidade da empresa".
Mais informações:
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece)
Fortaleza
Telefone: (85) 3101. 3500
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
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