Quadrilha lavava dinheiro em restaurante de Oficial da PM
Quadrilha de contraventores alvo de operação do MP lavava dinheiro em restaurante de amante de oficial da PM
A quadrilha envolvida com a máfia dos caça-níqueis desbaratada nesta quarta-feira pela operação Perigo Selvagem, do Ministério Público, lavava dinheiro através do restaurante Frangolaço, que tinha como sócios os amantes Andreia Melo Conrado e o tenente-coronel da PM Marcelo Bastos Leal. Além de servir “para encobrir a atividade criminosa”, o local era usado para os encontros entre os integrantes do grupo.
A operação também lacrou o local que, há 19 anos, foi fechado por outra ação do MP, batizada na época de “Mãos Limpas”. A fortaleza da contravenção - que fica na Rua Fonseca 1.040, em Bangu - é também sede da empresa Ivegê, controlada por Fernando Iggnácio, um dos herdeiros de Castor de Andrade. O prédio ainda funcionava como uma “agência bancária” do crime, com sete guichês informatizados e equipados com leitores biométricos.
A quadrilha que ocupava a fortaleza e movimentava cerca de R$ 700 mil tinha tentáculos dentro da Polícia Militar. Das 26 pessoas denunciadas pelo MP, dez eram PMs, sendo dois oficiais: Marcelo Bastos Leal, que coordenava a segurança do grupo, e o capitão Walter Colchone Neto. Ao todo, 22 pessoas foram presas, incluindo os oficiais. Mesmo procurado em seu apartamento em São Conrado, em frente à praia, e na casa de veraneio em Angra dos Reis, o contraventor Fernando Iggnácio está foragido.
Segundo a denúncia do MP, o grupo criminoso se divide em quatro núcleos: os líderes, os responsáveis pela segurança, os arrecadadores e o núcleo da lavagem do dinheiro. No primeiro grupo estão Iggnácio e André Gomes Abrunhosa, seu braço direito, sócio da Ivegê. Eles dividem as atuações de cada integrante da quadrilha e auferem os mais altos lucros da empreitada.
Já o núcleo da segurança é liderado pelo tenente-coronel Leal, que arregimentava PMs para trabalhar na escolta dos outros integrantes. Na varanda do imóvel situado ao lado da fortaleza da quadrilha, sempre havia pelo menos quatro PMs, que se dividiam em turnos, armados vigiando o local. Os policiais também pagavam propina para que a atividade criminosa não fosse incomodada e acompanhavam os arrecadadores em sua missão de peregrinar pelos estabelecimentos em busca do dinheiro dos caça-níqueis.
Busca e apreensão no apartamento do contraventor Fernando Iggnácio, que continua foragido Foto: Bruno Gonzalez / Bruno Gonzalez / Extra
Rafael Soares
extra.globo.com
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