Escalada na crise começou no dia 1º de abril, após Israel bombardear o consulado do Irã em Damasco, na Síria. Em resposta, mísseis e drones foram lançados contra o território israelense, no sábado (13).
Por g1
Entenda a linha do tempo da escalada de tensões entre Irã e Israel
O Irã lançou um ataque inédito contra Israel na noite de sábado (13) — madrugada de domingo (14) pelo horário local. O bombardeio cumpriu a promessa das autoridades iranianas de "punir Israel" como resposta a um ataque contra um consulado do Irã.
A escalada na crise começou no dia 1º de abril.
Naquele dia, um ataque israelense matou um comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã e outras seis pessoas na Síria.
O bombardeio atingiu a missão diplomática do Irã em Damasco e foi conduzido por aviões militares.
À época, Israel evitou comentar o caso, mas fontes da Defesa israelense confirmaram a autoria do bombardeio ao jornal "The New York Times".
"Ação agressiva e desesperada": Um dia depois do ataque, o aiatolá Ali Khamenei prometeu vingança e disse que Israel iria se arrepender do ataque.
Na mesma linha, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que o bombardeio não ficaria sem resposta.
Ao Conselho de Segurança da ONU, o Irã disse que tinha o direito de revidar o ataque de Israel e pediu que o órgão fizesse uma reunião de emergência para discutir a agressão.
Tensão: Nos dias seguintes, começaram a pipocar informações sobre a possibilidade efetiva de uma resposta do Irã. O governo dos Estados Unidos, inclusive, demonstrou preocupação diante da ameaça.
No dia 10 de abril, o aiatolá Ali Khamenei voltou a prometer uma resposta contra Israel durante um discurso de encerramento do mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã.
O líder supremo do Irã disse que o regime israelense deveria ser punido.
Momentos depois, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, respondeu Khamenei e o marcou em uma rede social.
"Se o Irã lançar um ataque do próprio território, Israel vai responder e atacar o Irã", escreveu Katz.
Aiatolá Ali Khamenei abraça familiar de membro da Guarda Revolucionária morto em ataque de Israel — Foto: West Asia News Agency via Reuters
Conflito provoca extrema preocupação internacional por causa do poderio militar de Irã e de Israel — Foto: Reprodução/TV Globo
Artefatos caindo sob Jerusalém — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun
O dia do ataque
Na manhã de sábado (13), o Irã apreendeu um navio português e disse que a embarcação é ligada a Israel. A ação iraniana aumentou as especulações sobre a iminência de um ataque contra Israel.
Tarde de sábado: Na expectativa de um ataque, as Forças de Defesa de Israel ordenaram a suspensão de aulas em todo o país e a restrição de aglomerações. Poucas horas depois, os militares afirmaram que o Irã havia lançado o ataque, enviando dezenas de drones para Israel.
Os drones não são tão rápidos quanto mísseis. Àquela altura, as autoridades sabiam que as aeronaves não tripuladas demorariam horas para chegar até Israel.
Preparação: Enquanto o ataque não chegava em solo israelense efetivamente, diversas ações foram tomadas. Entre elas:
o espaço aéreo foi fechado no Iraque, Líbano e Israel;
Israel posicionou caças e efetivo militar para conseguir derrubar os drones antes que eles atingissem os alvos;
sirenes foram acionadas em algumas regiões de Israel, alertando a população sobre o ataque.
Aproximação: No caminho até o território israelense, parte dos drones foi derrubada por aeronaves de Israel, dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Jordânia.
Por volta das 19h (horário de Brasília), ainda antes de os artefatos chegarem a Israel, a missão do Irã na ONU afirmou que o ataque estava encerrado, referindo-se a ele com uma "ação legítima".
"O assunto pode ser considerado encerrado. Contudo, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa", escreveu o perfil da missão do Irã na ONU em uma rede social.
Além disso, o Irã confirmou que também havia lançado mísseis contra Israel. Ao todo, foram mais de 300 artefatos, entre drones e mísseis de cruzeiro e balísticos.
As explosões
Explosões começaram a ser ouvidas em Jerusalém às 20h, pelo horário de Brasília. Imagens registraram drones sendo interceptados e destruídos pelas forças israelenses ainda no ar.
Defesa: De acordo com o jornal "The Jerusalem Post", o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, afirmou que quase todos os drones foram derrubados por caças.
Israel também acionou o chamado "Domo de Ferro", que consegue interceptar artefatos ainda no ar e explodi-los.
No entanto, uma agência estatal de notícias iraniana afirmou que mísseis lançados pelo país ultrapassaram a proteção.
Pouco depois das 20h, no horário de Brasília, as Forças de Defesa de Israel informaram que os moradores de Israel não precisavam mais se abrigar.
Em Teerã, capital do Irã houve comemoração durante o ataque.
Vítima: O serviço nacional de emergência médica de Israel informou que uma menina de 10 anos ficou gravemente ferida, no deserto de Negev, por estilhaços de um artefato para interceptar drones.
Até a última atualização desta reportagem não havia informações sobre a existência de outros feridos.
A agência de notícias Associated Press informou que essa foi primeira vez que em o Irã lançou um ataque militar direto a Israel, apesar de mais de quatro décadas de uma inimizade que remonta à Revolução Islâmica de 1979.
Consequências e repercussões
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu esteve com seu gabinete de guerra após o Irã anunciar o ataque. Pouco antes do bombardeio, o premiê havia afirmado que iria "ferir de volta" qualquer um que ferisse Israel.
No entanto, até a última atualização desta reportagem, nenhum contra-ataque havia sido registrado.
Ainda enquanto os drones iranianos se aproximavam de Israel, autoridades de diversos países começaram a se movimentar. Entre eles está o presidente Joe Biden, que suspendeu sua folga e voltou para a Casa Branca.
Estados Unidos de olho: Biden se reuniu com a equipe de segurança nacional na Casa Branca para monitorar e discutir o ataque iraniano.
"O nosso apoio à segurança de Israel é inflexível. Os Estados Unidos estarão ao lado do povo de Israel e apoiarão a sua defesa contra estas ameaças do Irã", disse a Casa Branca em comunicado.
Após o ataque, Biden também conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por telefone.
No fim da noite de sábado, Biden divulgou um comunicado afirmando que Israel tinha demonstrado sua capacidade de defesa.
Biden também afirmou que conversará com os líderes do G7 para coordenar uma resposta diplomática e única ao Irã.
Repercussão na ONU: O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou o ataque do Irã.
Guterres fez um apelo à contenção e ao fim imediato das hostilidades entre os dois países.
"Peço a todas as partes que exerçam a máxima contenção para evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio", afirmou ele.
Além disso, Israel pediu à ONU uma reunião do Conselho de Segurança. O encontro deve ocorrer neste domingo (14) às 17h de Brasília (16h em Nova York).
Posicionamento do Brasil: O Itamaraty divulgou uma nota na noite de sábado afirmando que o governo brasileiro acompanha com "grave preocupação" o ataque iraniano.
"O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada", diz a nota.
O governo também recomendou que viagens para a região sejam evitadas. Brasileiros que vivem na região devem seguir as orientações das embaixadas brasileiras.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/04/14/da-retorica-a-chuva-de-misseis-e-drones-entenda-como-foi-o-ataque-do-ira-contra-israel-e-as-possiveis-consequencias.ghtml