Avanço veio em meio a rumores de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve frustrar expectativas e anunciar isenção de IR até R$ 5 mil a partir de 2026. Pronunciamento acontecerá ainda hoje, às 20h30. Com isso, a moeda norte-americana subiu 1,80%, cotada a R$ 5,9124.
Por g1 - 27/11/2024
— Foto: Freepik
O dólar disparou nesta quarta-feira (27) e fechou em R$ 5,91, no maior patamar da história do país. O recorde anterior havia sido em maio de 2020, quando a moeda atingiu R$ 5,9007. A forte alta veio em meio a rumores de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve anunciar a isenção do imposto de renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026.
A notícia foi confirmada pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ainda sem maiores detalhes, para o blog da Julia Duailibi, em apuração de Gerson Camarotti e Guilherme Balza.
Atualmente, estão isentos os contribuintes que ganham até R$ 2.259,20 mensalmente. Caso se concretize, a leitura é que o anúncio deve acabar se sobrepondo à divulgação das medidas de cortes de gastos, que também está prevista para essa quarta-feira.
Isso porque além de ir na direção contrária às expectativas do mercado — que esperava medidas robustas de cortes de gastos, como uma sinalização do comprometimento do governo em cumprir com o arcabouço fiscal nos próximos anos — o aumento da isenção de IR significa um forte aumento das despesas públicas. (entenda mais abaixo)
Segundo o Ministério da Fazenda, o pronunciamento à nação de Haddad será ainda hoje, às 20h30, e deve durar 7 minutos e 18 segundos. A pasta não confirmou qual será o tema do discur-so.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, operava em queda na última hora do pregão.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar avançou 1,80%, cotado a R$ 5,9124. Na máxima do dia, bateu os R$ 5,9288. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,04%, cotada a R$ 5,8080.
Com o resultado, acumulou:
• queda de 0,10% na semana;
• ganho de 0,46% no mês;
• alta de 19,69% no ano.
Ibovespa
Já o Ibovespa operava em queda na última hora do pregão.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,69%, aos 129.922 pontos.
Com o resultado, acumulou:
• alta de 0,62% na semana;
• avanço de 0,16% no mês;
• recuo de 3,18% no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Com uma grande espera do mercado pelo anúncio de um novo pacote de cortes de gastos por parte do governo, o principal destaque desta quarta-feira (27) ficou, mais uma vez, com o quadro fiscal do país.
Durante a tarde, o Ministério da Fazenda anunciou que o ministro da Pasta, Fernando Haddad, se pronunciará nesta noite, em um discurso de sete minutos.
Segundo apuração da TV Globo, o ministro vai anunciar a isenção, a partir de 2026, de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A medida, uma promessa de campanha de Lula (PT), vai ser anunciada junto com o pacote de corte de gastos, que deve envolver:
• A inclusão da política de aumento do salário mínimo nas limitações do arcabouço fiscal; na prática, o mínimo poderá ser reajustado em patamares inferiores aos atuais;
• Uma proposta, enviada ao Congresso, para acabar com salários acima do teto constitucional, os chamados supersalários;
• Um chamado para que beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), atualizem seus dados, caso não o tenham feito nos últimos dois anos;
• E mudanças nas regras de aposentadorias e pensões dos militares.
A espera pelo anúncio do pacote de corte de gastos já dura quase um mês, já que a expectativa inicial era que o governo divulgasse as medidas logo após o fim do segundo turno das eleições municipais.
Na última sexta-feira (22), o governo já anunciou um bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento deste ano. Com isso, o governo totaliza R$ 19,3 bilhões já bloqueados nos últimos meses para tentar compensar o avanço das despesas obrigatórias, como gastos com a previdência.
Mesmo com a contenção anunciada na sexta, o mercado ainda aguarda o pacote de corte de gastos para entender como o governo pretende lidar com as contas públicas nos próximos anos para cumprir o arcabouço fiscal — as regras que determinam quanto o país pode gastar para manter sua saúde financeira.
A ideia é que, com os cortes de gastos, o governo consiga equilibrar a situação das contas públicas e honrar o arcabouço fiscal. Contas mais controladas são bem vistas por investidores porque aumentam a confiança de que o país será capaz de arcar com suas dívidas.
A decisão de atrelar o anúncio ao pacote de cortes tem como objetivo passar a mensagem de que o governo Lula não está fazendo o ajuste fiscal apenas em cima dos mais pobres.
O custo estimado para a isenção é de R$ 50 bilhões por ano, que supera a economia prevista com as medidas de contenção de gastos, entre R$ 30 bilhões e R$ 40 milhões.
Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, o mercado recebe negativamente a notícia da isenção porque "não tem como pensar em um cenário em que essa isenção vá beneficiar o consumo das famílias em um nível suficiente para compensar o que seria ganho através da cobrança do imposto de renda para essa população".
Assim, os investidores esperam maior previsibilidade e clareza sobre como o governo pretende fazer essa compensação de gastos e receitas, para avaliar se a medida será sustentável.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/11/27/dolar-ibovespa.ghtml