Edifício na orla da capital cearense teve demolição suspensa devido a risco aos trabalhadores.
Por g1 CE
Auditores do Ministério do Trabalho embargaram nesta sexta-feira (5) a demolição do edifício São Pedro, no litoral de Fortaleza. Conforme auditores que fiscalizam o local, a forma como a demolição é realizada põe os trabalhadores em risco.
Um dos pontos destacado pelos auditores como um perigo aos trabalhadores é a operação de uma máquina retroescavadeira suspensa por um guidaste no telhado do prédio, que corre grave risco de desabar.
Com retroescavadeira no telhado, ministério suspende demolição do edifício São Pedro por risco aos trabalhadores — Foto: Ministério do Trabalho/Divulgação
Desde a década de 1950, o edifício tinha o uso dividido entre as atividades do hotel e apartamen-tos residenciais — Foto: Arquivo Nirez
O Edifício São Pedro esteve no centro de debates e decisões que tentaram o tombamento do imóvel — Foto: Natinho Rodrigues/SVM
O processo de demolição está parado e só deve ser retomado com a readequação do processo, conforme o Ministério do Trabalho.
A Prefeitura de Fortaleza informou que recebeu o relatório do Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (5) e exigiu da empresa contratada para a demolição que cumpra todas as medidas para garantir a integridade física dos profissionais que trabalham no desmonte do São Pedro.
"Todas as medidas necessárias já estão sendo executadas em caráter de urgência. As adequações devem ser concluídas até a próxima semana, cumprindo o prazo recomendado".
Edifício São Pedro ajuda a contar a história de Fortaleza
O prédio foi inaugurado em 1951, sendo o primeiro a ter mais de três andares na Praia de Iracema. Ele surgiu como Iracema Plaza Hotel, consolidando uma era de luxo e lazer à beira do mar para os boêmios e visitantes da capital cearense. Era o começo da ocupação hoteleira na praia, que até então abrigava casas de veraneio.
O Edifício São Pedro era referência de luxo e boemia para os fortalezenses, tanto pela movimentação do hotel como pelo uso residencial. A proximidade com o mar e o clima festivo dos eventos sociais marcaram a memória de quem passou pelo imóvel.
Quando gravou o documentário “Lastro - Memórias do Edifício São Pedro”, a motion designer Rebeca Prado, de 32 anos, encontrou várias pessoas que compartilharam lembranças sobre o lugar.
Dentre elas, uma das moradoras que ainda resistiam no prédio, ressaltando que pagava caro pelo aluguel e que estava em situação regular. O ano era 2014. E o cenário já era de incertezas quanto ao futuro do imóvel.
Um primeiro processo de tombamento do prédio em âmbito municipal já existia. No ano seguinte às gravações, vieram a desocupação do prédio e um longo período de idas e vindas nas tentativas de preservar ou transformar o lugar.
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2024/04/05/com-retroescavadeira-no-telhado-ministerio-suspende-demolicao-do-edificio-sao-pedro-por-risco-aos-trabalhadores.ghtml