Verdão termina turno na zona da degola
Por Diego Ribeiro e Marcelo HazanSão Paulo
Neymar gosta de clássicos, vai bem na maioria deles, mas tinha o Palmeiras engasgado. Não tem mais. O dia 25 de agosto de 2012 foi especial para o craque, responsável pela vitória do Santos por 2 a 1 sobre o rival alviverde, neste sábado, no Pacaembu, pela última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Um dia depois do aniversário de um ano do filho Davi Lucca, o jogador pôde dar um presente em dose dupla, com os belos gols que decidiram a partida. De quebra, mandou o Verdão para a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Mesmo com o time colaborando pouco, Neymar jogou por 11. Neymar foi o próprio Santos.
Em 5 de fevereiro, no seu aniversário de 20 anos, ele recebeu um presente de grego – apesar de um gol, o seu 100º, o Peixe perdeu de virada por 2 a 1 para o Palmeiras. Os números do craque contra o Verdão melhoraram um pouco. Agora são três vitórias, dois empates e cinco derrotas. Fez cinco gols no rival, um a mais do que em cima do Corinthians.
O Peixe fecha o primeiro turno do Brasileirão com 26 pontos. Ainda está longe dos líderes, mas o plano de voltar à Taça Libertadores fica mais palpável a cada rodada - graças a Neymar, como sempre. As duas vitórias seguidas em clássicos (domingo passado, o Peixe venceu o Corinthians) deram fôlego à equipe de Muricy Ramalho, que conquistou sua terceira vitória consecutiva de virada na competição nacional, contra Figueirense (3 a 1), Corinthians (3 a 2) e agora o Palmeiras.
O Verdão, independentemente do que ocorrer no domingo, vai terminar o primeiro turno na zona de rebaixamento, com 16 pontos. Bahia e Atlético-GO se enfrentam, e um deles vai ultrapassar a equipe de Luiz Felipe Scolari.
Os dois times voltam a jogar na quarta-feira. O Palmeiras enfrenta a Portuguesa, às 20h30m (de Brasília), no Canindé. Já o Santos recebe o Bahia, às 19h30m, na Vila Belmiro.
Neymar contra 11
Um Palmeiras tranquilo, apesar dos 11 desfalques e do time remendado. Um Santos nervoso, apesar de Neymar e Ganso. O meia, aliás, já começou o clássico pressionado por gritos da torcida alvinegra, que pediu respeito à camisa do Peixe - protesto contra as declarações do jogador, que disse que seria um prazer atuar no São Paulo, que apresentou proposta para contratá-lo. Em campo, o camisa 10 sumiu, vigiado de perto por Henrique. O primeiro tempo foi todo da equipe de Luiz Felipe Scolari, bem organizada taticamente e com muito mais volume de jogo no ataque.
Betinho, a surpresa na escalação, ficou aberto pela direita, ajudando João Vitor na marcação de Neymar, que foi controlado com sucesso pela defesa alviverde no primeiro tempo. Pela esquerda, Juninho e Mazinho dobravam em cima de Bruno Peres, e, assim, as melhores jogadas do Verdão começaram a surgir por aquele setor. Valdivia, mesmo bem marcado por Adriano, jogou com objetividade, tocou a bola com rapidez e fez o Palmeiras praticar seu futebol com facilidade, algo que não ocorria há muito tempo.
Os alviverdes fizeram linha de passe e confundiram a zaga santista. Melhor para Barcos, que fez o que quis: deixou Patito Rodriguez no chão, passou por Bruno Peres, largou Mazinho na cara do gol – não fosse o pé salvador de Durval, o Verdão comemoraria, aos 21. A tranquilidade do Palmeiras, porém, teria sua recompensa minutos depois. Aos 40, depois de quase todos os jogadores tocarem na bola, Juninho encontrou Correa livre na entrada da área. Chutaço, sem chances para Rafael: 1 a 0. Enfim, o domínio palmeirense estava demonstrado no placar.
Na parte coletiva, o Palmeiras foi quase perfeito. Neymar deu apenas duas arrancadas perigosas no primeiro tempo, ambas em contra-ataques. Bastante nervoso, o atacante cobrava, pedia a bola a todo momento - gritou com Bruno Rodrigo, depois com Bruno Peres, depois sem um alvo definido. Até que Ganso, até então sumido na partida, resolveu colaborar e sofreu uma falta de Valdivia na entrada da área. Aos 43 minutos, a genialidade do craque apareceu. Cobrança perfeita, sem chances para Bruno. Na comemoração, homenagem ao filho Davi Lucca, que completou um ano na última sexta-feira. Em um lance, Neymar igualou o que o rival fez com muito esforço, com todos jogando bem. Às vezes, o santista vale por 11.
Presente em dose dupla
A marcação sobre Neymar aumentou. João Vitor até levou cartão amarelo depois de uma falta no craque. E, sozinho, o santista tentava furar o bloqueio montado por Felipão no sistema defensivo. O Verdão diminuiu muito seu ímpeto ofensivo, mas ainda era melhor na partida – nada que exigisse alguma difícil defesa de Rafael. O controle estava estabelecido.
O problema é que não dá para deixar Neymar sozinho, nem por alguns segundos. O astro decidiu novamente aos 17 minutos, em chute fraquinho, fraquinho, da entrada da área, que não levaria perigo se o goleiro Bruno tivesse mais agilidade para saltar a tempo no contrapé. A bola encostou de leve na trave e entrou: 2 a 1, e mais dancinhas com os parceiros santistas. A torcida palmeirense perdeu a paciência.
Os velhos problemas da equipe de Felipão, mais uma vez, apareceram. Muito toque de bola, como no primeiro tempo, mas nenhuma objetividade. Correa foi o melhor em campo pelo lado alviverde, mas ele não tem a capacidade de decidir. Essa bola é com Valdivia, que cansou, e com Barcos, que perdeu gols que costuma fazer. Obina entrou na vaga de Mazinho, mas não conseguiu ser efetivo pelo lado direito do ataque.
O último suspiro do Verdão foi dado aos 43, quando Barcos teve a chance para empatar. Uma cabeçada firme para uma defesa espetacular de Rafael.
Ao Santos, coube tocar a bola, algo que conseguiu só nos minutos finais. O Verdão reclamou de um pênalti em Correa, outro em Barcos, mas não teve alguém decisivo. Não teve um Neymar. O atacante, enfim, foi à forra contra o antigo algoz. Ao Palmeiras, sobrou o peso de terminar o primeiro turno na zona de rebaixamento.