Jornalista simpático à rebelião teria sido fuzilado, segundo opositores.
Da Reuters
Bombas do exército da Síria atingiram o sul de Damasco nesta quarta-feira (22), e helicópteros lançaram foguetes e dispararam metralhadoras durante um ataque para tentar aumentar o controle do presidente Bashar al-Assad na capital após 17 meses de revolta popular, disseram ativistas da oposição.
O exército tem usado tanques e helicópteros esta semana em uma ofensiva nos arredores de Damasco que coincidiu com a partida dos observadores da Organização das Nações Unidas (ONU) após uma fracassada missão militar para acabar com o derramamento de sangue e empurrar a Síria para uma transição pacífica.
A ONU estima que 18 mil pessoas foram mortas no que se tornou uma guerra civil depois que uma violenta resposta do Estado aos protestos de rua pacíficos gerou uma rebelião armada no país. A oposição fala em mais de 23 mortos.
Ativistas anti-Assad disseram que pelo menos 47 pessoas foram mortas em Damasco, no que eles consideraram o mais pesado bombardeio este mês. "Toda Damasco está tremendo com o som dos bombardeios", disse uma mulher em Kfar Souseh, um dos vários distritos atingidos durante a ofensiva militar para erradicar combatentes rebeldes.
Pelo menos 22 pessoas morreram em Kfar Souseh e 25 no distrito próximo de Nahr Eisha, disseram ativistas. Um dos mortos foi Mohammad Saeed al Odeh, um jornalista que trabalha em um jornal estatal que simpatiza com a revolta anti-Assad. Ativistas disseram que ele foi executado em Nahr Eisha.
"Há 22 tanques em Kfar Souseh agora e por trás de cada um existem, pelo menos, 30 soldados. Eles estão invadindo casas e executando homens", disse um ativista da oposição em Kfar Souseh, que deu seu nome apenas como Bassam, à Reuters por Skype.
Mais de 250 pessoas, incluindo 171 civis, foram mortas em toda a Síria na terça-feira, principalmente nos arredores de Damasco, Aleppo e na cidade de Deraa, ao sul, de acordo com o Observatório Sírio para Direitos Humanos.
Ativistas no subúrbio de Mouadamiya, no sudoeste de Damasco, disseram que as forças de Assad mataram 86 pessoas lá desde segunda-feira, metade delas por execução. Não foi possível verificar esse relato.
Não houve informação imediata do governo sobre o confronto mais recente. Mas a televisão estatal transmitiu imagens de armas que afirmou terem sido confiscadas dos rebeldes em Mouadamiya, um dos primeiros distritos a aderir à revolta.
O conflito, que coloca a oposição de maioria sunita muçulmana contra um sistema de governo dominado pela minoria alauíta de Assad, ameaça desestabilizar os vizinhos, inclusive o Líbano, onde a violência entre sunitas e alauítas estava em seu terceiro dia.
O número de mortos no conflito no norte do Líbano, na cidade de Trípoli, subiu para pelo menos 10, com mais de 100 feridos, disseram fontes médicas, no que moradores descreveram como alguns dos confrontos mais ferozes ali desde a guerra civil do Líbano de 1975-1990.
O conflito na Síria reavivou antigas tensões em Trípoli entre alauítas pró-Assad do bairro de Jebel Mohsen e seus vizinhos sunitas em Bab al-Tabbaneh.