Centro do Rio vira palco de mais um protesto de servidores em greve

Servidores federais em greve realizaram mais uma manifestação no Centro do Rio na manhã desta terça-feira. Representantes de diversas categorias se agruparam em frente à Igreja da Candelária para clamar por uma proposta de negociação favorável do governo na reunião que ocorrerá em Brasília às 21h desta terça.

Os manifestantes se concentraram na Candelária por volta das 10h e tinham o intuito de estender o protesto em mais uma passeata até a Cinelândia pela Avenida Rio Branco, como fizeram no início do mês, quando mais de 3 mil estudantes e servidores bloquearam o trânsito da via por mais de uma hora. Entretanto, os servidores julgaram melhor não prosseguir a caminhada desta vez devido ao baixo número de pessoas presentes, que não passou de 200.

Em entrevista ao SRZD, o diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Rio de Janeiro (Sintrasef), Geraldo Nunes Pereira Filho, alegou estar confiante em uma flexibilidade do governo federal para acatar as reivindicações das categorias.

"Há três semanas o governo não ia negociar nada. Ele só foi negociar quando viu como estava sendo criado um clima de greve no país. Viu que as greves começaram a pipocar num clima crescente. O (ministro da Fazenda) Guido Mantega cansou de dizer que o governo ia quebrar se desse o aumento. Isso não é verdade, porque o governo já está negociando", disse Geraldo, reforçando que algumas categorias já aceitaram a última proposta do Ministério do Planejamento e estão prestes a abrir mão da greve.

"Umas categorias não aceitaram a proposta, outras já estão assinando acordo na sexta-feira. Vários outros órgãos estão saindo da greve porque tiveram o entendimento de que a proposta não foi o ideal, mas o possível naquele momento", completou.

Na segunda-feira, o governo se reuniu com líderes sindicais de diversas repartições para tentar estabelecer um novo acordo. No entanto, foi mantida a proposta de reajuste salarial de 15,8% a ser parcelado em três anos, o que não agradou a maioria dos grevistas.

"Esse ato é mais uma forma de pressionar o governo a atender as reivindicações dos servidores na mesa de negociações, já que esses 15,8% são muito aquém daquilo que os trabalhadores precisam para prestar um serviço público de qualidade", declarou aoSRZD Vítor Madeira, diretor da Confederação dos trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa cerca de 800 mil servidores do executivo.

De acordo com Vítor, a entidade luta por aumento salarial de 22,08%, reestruturação dos planos de carreira, além da paridade entre aposentados e trabalhadores ativos. Desde julho, pelo menos 25 categorias aderiram à paralisação, como Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Arquivo Nacional, Receita Federal, entre outros.

"Um dos pontos que serão colocados em Brasília hoje à noite é que o governo suspenda o corte de ponto indiscriminado. O governo cortou, por exemplo, o ponto do Arquivo Nacional de 30 dias. Há companheiros que tiveram o seu contracheque zerado na prévia, o que é um absurdo e contra a lei", completou Vítor.