'Brasileiro não lê por costume, e não porque livro é caro', afirmou.
Flávio SeixlackDo G1, em São Paulo
A escritora Vanessa de Oliveira ficou nua para protestar contra a pirataria de livros na tarde deste domingo (12) na livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, em São Paulo. Sem nenhuma peça de roupa e com o corpo pintado, ela atraiu curiosos e fotógrafos ao falar sobre sua campanha e lançar o livro "Psicopatas do coração".
A ex-garota de programas de 37 anos começou sua missão contra a pirataria e ganhou fama ao aparecer nua em frente ao palácio do governo do Peru em julho, quando descobriu que uma de suas obras - "O diário de Marise - A vida real de uma garota de programa" – era vendida em barraquinhas clandestinas nas ruas da cidade.
Na livraria, ela falou que a pirataria atrapalha a indústria, já que as baixas vendagens acabam desestimulando novos escritores, que não veem um futuro na profissão. "Se forem retirados todos os impostos dos livros, o preço vai ser reduzido. Cultura tem que ser disseminada, mas não dá para querer livro 100% grátis. Dá para existirem melhores condições. Quem aqui de vocês poderia trabalhar de graça? Ia amar se pudesse trabalhar de graça e ficar escrevendo", afirmou, de pé, em cima de uma mesa no local.
Para ela, piratear livros não pode ser considerado um ato justificável nem pelo suposto alto preço das publicações. "Brasileiro não lê não porque livro é caro, já que biblioteca é de graça. Emprestar livro é de graça. Toda cidade tem uma biblioteca municipal e 75% das pessoas nunca pisaram dentro de sua biblioteca. Brasileiro não lê por costume, só que dá desculpinha de que não lê porque é caro e torra 40 'paus' em cerveja no final de semana".
Seu novo livro, "Psicopatas do coração", é, segundo ela, um romance de auto-ajuda. "É para aquelas pessoas que se casaram com um príncipe encantado e, depois de seis meses, o cara se transformou completamente e virou um psicopata. Eu passei por essa história, fui casada com um psicopata. Todos os meus livros são baseados em algum tipo de experiência que eu tive na vida", falou.
Por fim, ela disse que espera tornar internacional a campanha "pirataria não", lembrando que tudo começou de forma pequena na cidade de Lima, mas que suas ações já estão rendendo frutos. "Nada impede de que tudo isso consiga ganhar repercussão mundial. No final do ano eu vou para a Feira de Guadalajara, no México, que é a mais importante no mundo", afirmou. "Pretendo estar lá protestando, se a polícia não me prender", concluiu, afirmando em seguida que o protesto havia chegado ao fim por conta dos policiais que se aproximavam do local.