Engana-se quem pensa que a doença varicela, mais conhecida como catapora, é inofensiva. Ela pode, sim, levar à morte. Somente neste ano um total de 582 pessoas no Ceará já foi infectado e ainda há a confirmação de um óbito, este no município de Marco, Interior do Estado. A Capital é a que possui o maior número de casos, 539, ou seja, 92,6% dos registrados.
De acordo com informações das secretarias estadual e municipal de Saúde, a variação no número de pessoas infectadas pela doença é de 24,4%, quando comparados os cinco primeiros meses de 2011 e 2012
Os dados estão nos registros tanto da Secretaria Municipal de Saúde quanto na pasta estadual. Ao comparar as primeiras 32 semanas de 2011 e 2012, percebe-se que houve uma variação de 24,4% nos números de casos em Fortaleza, pois, em igual período do ano passado, esse quantitativo equivalia a 433.
A vacina para doença já existe, porém, ainda não consta no calendário de vacinação brasileiro, definido pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI-MS). A previsão de implementação é para agosto de 2013.
Devido aos surtos da doença, que normalmente ocorrem após os períodos de chuva, o MS enviou para alguns estados brasileiros doses da vacina. Há um mês, foram encaminhadas 48 mil para o Ceará, destas, 38 mil para Fortaleza.
Doses
Segundo a coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Vanessa Soldatelli, ainda restam 12 mil doses, que estão disponíveis, gratuitamente, até o dia 31 de agosto, nos 92 postos de saúde do município, para crianças de um a cinco anos. Existe também a opção de levá-las a uma das 40 unidades que funcionam em horário ampliado, de segunda a sexta-feira, das 17 horas às 20h30.
"Devido à maior parte das crianças já ter sido imunizada na rede particular, nós tivemos essa sobra, então, resolvemos ampliar a imunização para até cinco anos. As crianças de no máximo 12 anos, que tiveram contato com alguém infectado pela doença também podem receber a vacina", explica a coordenadora.
O representante da Sociedade Brasileira de Imunizações no Ceará (SBIM-CE), João Cláudio Jacó, avalia a ação positivamente, tendo em vista o alto custo da vacina, que é de R$ 150. "Muitas pessoas não têm condições de pagar por esta imunização, então, com a disponibilidade temporária da vacina na rede pública, temos algum resultado visando reduzir a mortalidade da doença", explica. Segundo ele, a catapora é uma doença endêmica no País, mas que, a partir do meio do ano, tem sua sazonalidade, ocasionando aumento do número de casos.
No ano passado, foram contabilizados 1.566 casos de catapora, com quatro óbitos. Destas ocorrências, 1.186 pertenceram a Fortaleza. Porém, a coordenadora de imunização da SMS estima que o quantitativo seja bem maior, isso porque a doença não é de notificação compulsória.
Hospitais
"Estes registros foram somente das pessoas que procuraram hospitais ou postos de saúde e assim foram computadas. Mas existem aquelas que se tratam em casa e não procuram a rede", afirma Vanessa Soldatelli.
No restante do Estado, os municípios com maiores registros foram Ubajara (186), Itarema (86) e Sobral (79). Dos 43 casos registrados este ano no Interior, 37 pertencem à cidade Marco.
Nos postos de saúde da Capital, também estão disponíveis todas as vacinas do PNI/MS, que correspondem ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à saúde pública do País. Atualmente, este possui 12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação da rede pública.
Dentre elas estão: vacina BCG, vacina hepatite B (recombinante, vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis e Haemophilus influenzae b (conjugada), vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada), vacina oral rotavírus humano G1P1, vacina pneumocócica 10 (conjugada), vacina meningocócica C (conjugada), vacina febre amarela (atenuada), vacina sarampo, caxumba e rubéola, entre outras.
Incidência
582 pessoas foram infectadas, neste ano, pela doença no Estado, sendo contabilizada uma morte no município de Marco, Interior do Ceará
539 dos casos foram registrados em Fortaleza, o que representa 92,6% do total detectado no Estado, conforme dados das secretarias de Saúde
THAYS LAVOR
REPÓRTER