Médico avalia cirurgia realizada em gêmeos siameses: \'Foi um sucesso\'
Previsão é que procedimento de separação ocorra em julho, diz cirurgião.
O médico Zacharias Calil fez uma avaliação da cirurgia pela qual foram submetidos nesta quarta-feira (2) os gêmeos siameses Arthur e Heitor, de 4 anos, no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. De acordo com ele, o procedimento, que durou cerca de duas horas e foi acompanhado por dez profissionais, correu dentro do esperado. "A cirurgia foi um sucesso, sem nenhuma intercorrência", disse Calil aoG1.
Unidos pelo tórax, abdômen e bacia, os gêmeos foram operados para a recolocação de dois dos oito expansores que haviam infeccionado, um no tórax e outro na terceira perna que ambos dividem. Os dois seguem internados no HMI e a previsão é de que, se tudo correr bem, eles recebam alta médica até a próxima sexta-feira (4).
"Agora é necessário aguardar cerca de 30 dias para verificar se não vai haver rejeição novamente. Por enquanto, eles podem continuar a vida normalmente, assim como faziam antes da operação, tomando apenas os cuidados básicos com alimentação, repouso e medicamentos", explica.
De acordo com o médico, se recuperação ocorrer dentro do programado, a previsão é que a cirurgia definitiva de separação ocorra em julho. Calil salienta que como eles dividem vários órgãos e já tem uma idade considerada avançada para o procedimento, o cuidado deve ser redobrado.
"Geralmente, fazemos essa operação em crianças até um ano de idade. Mas é necessário que os pacientes tenham todas as condições necessárias para fazer a cirurgia, senão a probabilidade de insucesso é de 100%. O risco é muito alto e apesar de conhecermos o organismo deles, pode haver surpresas. É imprevisível", afirma.
O cirurgião explicou como funcionam os expansores. Segundo ele, são balões de silicone colocados vazios embaixo da pele. Os objetos possuem uma válvula, onde é injetada uma solução fisiológica para inflá-lo e esticar a pele.
"Pense em uma grávida. À medida que a barriga vai crescendo, vai aumentando a camada de pele. No caso dos expansores é a mesma coisa. Eles esticam a pele, que será usada para cobrir o corte feito na operação. Antes da cirurgia definitiva eles são retirados”, detalha.
Tratamento
Arthur e Heitor nasceram em abril de 2009, no Hospital Materno Infantil (HMI), unidade referência no acompanhamento de siameses, em Goiânia. A família é de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia. A mãe, Eliana Ledo Rocha dos Santos, de 37 anos, conta que praticamente mora na capital. "A nossa casa [na cidade baiana] virou local de passear".
Eliana procurou ajuda HMI antes mesmo do nascimento dos filhos. "Quando eu descobri que eles eram siameses, procurei na internet algum caso semelhante ao meu e li sobre a equipe do doutor Zacarias Calil. Vim para Goiânia grávida, eles nasceram no HMI", relata.
A mãe, que deixou o emprego de professora para cuidar das crianças, se orgulha de ter alfabetizado os filhos: "Eles já sabem ler e escrevem algumas palavras". Eliana conta que eles são alegres, brincalhões e adoram jogar no computador.
Apesar da gravidade da cirurgia, Eliana diz estar confiante e tranquila. "Eles falam que querem se separar. Entram muito em conflito em relação ao que querem ver na TV, ao lugar que querem ir. Esse desejo deles me tranquiliza e deixa mais confiante", afirma.
Sílvio TúlioDo G1 GO
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