CORAÇÃO: TOC aumenta a exposição aos fatores de risco

O Transtorno Obsessivo Compulsivo atinge cerca de cinco milhões de brasileiros. Descrito como um distúrbio psiquiátrico pertencente ao grupo dos Transtornos de Ansiedade, o TOC é caracterizado por recorrentes pensamentos e comportamentos compulsivos. Esse grupo deve ficar sempre atento à saúde cardíaca e procurar tratamento com rapidez, revela o cardiologista do Hospital de Coração (HCor), Jairo Pinheiro.

"Ao elevar sobremaneira os níveis de estresse e ansiedade, esse problema pode afetar não só o comportamento de uma pessoa, mas também o funcionamento de seu sistema cardiovascular à medida que prejudica sua qualidade de vida, pois pode influenciar diretamente seus hábitos alimentares, prática de exercícios e, consequentemente, gerar sobrepeso e hipertensão arterial sistêmica", afirma.

Tanto isso é verdade que "o número de eventos cardiovasculares entre portadores de TOC diminui consideravelmente, quando eles procuram tratamento, já que isso possibilita o melhor controle dos fatores de risco cardiovasculares", pontua.

O que caracteriza

Em cada episódio do distúrbio, os pensamentos são invadidos por ideias ou imagens que deixam o indivíduo inseguro e o força a repetir comportamentos incomuns (como conferir a mesma coisa várias vezes, limpar o que já foi limpo antes).

"Os portadores acreditam que se não agirem dessa forma, algo terrível pode acontecer com eles ou a alguém da família, por exemplo. Porém, quanto mais eles repetem um determinado tipo de comportamento, mais pensamentos obsessivos surgem em sua mente. Por isso, à medida que o seu estado psicológico se agrava, maiores são as chances de sofrerem infartos e AVCs", explica o cardiologista.

Ansiedade

Em casos crônicos, a ansiedade gerada durante as crises é suficiente para provocar infartos até mesmo em indivíduos que não pertencem a nenhum grupo de risco associado a doenças cardíacas. Isso ocorre em função de descargas hormonais capazes de fazer subir a pressão arterial e acelerar a frequência cardíaca.

Tensão permanente

"Quando são poucas ocorrências, esse processo não chega a comprometer a saúde. O problema é que, entre os portadores de TOC, os episódios podem ocorrer várias vezes ao dia, provocando taquicardias e subidas tensionais que desgastam o coração e colocam a tensão arterial em níveis tão elevados, quanto as registradas em casos de hipertensão", acrescenta o Dr. Pinheiro.

Tratamento

Existem dois tipos de tratamento para TOC. Um deles é à base de medicamentos, no qual são ministrados inibidores de recaptação de serotonina. A outra é por meio de acompanhamento psicológico, sendo observado bons resultados com a terapia cognitivo-comportamental.

"A maior parte dos casos de TOC ainda é diagnosticada em adultos. Porém, o distúrbio pode acometer crianças. Por isso é vital ficar atento aos sintomas e procurar tratamento o quanto antes para controlar o problema e prevenir desdobramentos como doenças cardiovasculares", afirma a psicóloga Marina Marins, do Serviço de Psicologia do Hospital do Coração.

Sintomas

Todo indivíduo pode manifestar comportamentos compulsivos no cotidiano. Mas o que realmente caracteriza o TOC é a presença constante de pensamentos obsessivos e rituais compulsivos.

Entre os sintomas: preocupação excessiva com limpeza e higiene pessoal; dificuldade para pronunciar algumas palavras; pensamentos depressivos ou agressivos relacionados com morte, acidentes, doenças; indecisão motivada pelo medo de uma escolha errada. As causas ainda não são totalmente conhecidas. Embora seja um problema multifatorial, estudos sugerem que a origem está em alterações na comunicação entre zonas cerebrais que utilizam serotonina.