Por Daniela Chiaretti, Valor — São Paulo 21/01/2025 

Embaixador André Corrêa do Lago — Foto: Gesival Nogueira Kebec/Valor

Depois de muita expectativa, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o presidente da COP30, a Conferência sobre Mudança Climática das Nações Unidas que acontecerá em novembro, em Belém, capital do Pará.

A economista Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, será CEO e diretora-executiva da COP30.

A indicação de Corrêa do Lago, 65 anos, um dos mais experientes diplomatas brasileiros em negociações climáticas, era esperada no Brasil e no exterior. Economista, é diplomata desde 1983. Negocia clima e desenvolvimento sustentável há 25 anos. É negociador-chefe do Brasil em todas as reuniões ambientais internacionais desde o início do governo Lula. 

O presidente da COP30 é conhecido no mundo diplomático também pela altura e pelo bom-humor. Às vezes junta as duas características ao se queixar de negociadores habilidosos de outros países e com posições contrárias às do Brasil. “E além de tudo é irritantemente mais alto do que eu”, reclama, às gargalhadas.

A decisão foi tomada nesta terça-feira (21), em reunião de Lula com quatro ministros – Rui Costa (Casa Civil), Maria Laura da Rocha (ministra substituta das Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Sidônio Palmeira (Comunicação Social), além de Celso Amorim, assessor especial do Presidente da República, Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil) e Valter Correia.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores — Foto: Fernando Donasci/MMA

Corrêa do Lago nasceu no Rio de Janeiro e formou-se economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. É neto do político, diplomata e advogado Oswaldo Aranha e irmão do escritor, curador e colecionador Pedro Corrêa do Lago.

O presidente da COP 30 é diplomata desde 1983. Começou a negociar desenvolvimento sustentável e mudança do clima em 2001.

Foi negociador-chefe do Brasil para clima de 2011 a 2013, o período em que a Rio 92 completou 20 anos e o Brasil abrigou a Rio+20. A ideia de o mundo criar Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, nasceu na ocasião.

De 2008 a 2011, Corrêa do Lago dirigiu o Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores e depois foi diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty.

Foi embaixador do Brasil no Japão (2013 a 2018) e, em seguida, na Índia, cargo que ocupou até 2023, ao assumir a Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty.

No início da carreira exerceu várias funções em Brasília em organismos internacionais, promoção comercial, cerimonial e energia e serviu nas embaixadas do Brasil em Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas.

Corrêa do Lago publicou livros e artigos sobre desenvolvimento sustentável e mudança do clima. É apaixonado por arquitetura, área em que é autor, curador, crítico e membro de júri. Foi o primeiro brasileiro convidado a integrar o júri do prêmio Pritzker, em 2017, e também foi membro do comitê de arquitetura e design do MoMa, o museu de arte moderna de Nova York.

Durante a presidência do Brasil no G20 coordenou as áreas de clima e energia. Também é conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

É casado e tem quatro filhos.