Militar indiciado enviou foto de Gilmar em aeroporto para general, descobre PF
Reginaldo Abreu estava no mesmo voo de ministro do STF e enviou registro para Mario Fernandes
Por Daniel Gullino — Brasília 11/12/2024 16h48
O ministro Gilmar Mendes, durante sessão do STF — Foto: Gustavo Moreno/STF/04-12-2024
A Polícia Federal (PF) descobriu que o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, um dos novos indiciados na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, enviou para o general Mario Fernandes uma foto do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), embarcando em um voo em Lisboa. Abreu estava no mesmo voo de Gilmar.
"A investigação identificou que Reginaldo Vieira, em auxílio aos atos operacionais da organização criminosa, no dia 20/11/2022, repassou para Mario Fernandes, uma foto do ministro Gilmar Mendes, que estava embarcando no aeroporto de Lisboa/Portugal com destino a cidade de Brasília/DF. As diligências realizadas identificaram que Reginaldo Vieira estava no mesmo voo do ministro Gilmar Mendes", diz a PF, no completo do relatório final enviado ao STF.
O ministro Gilmar Mendes, em aeroporto, em foto trocada entre investigados — Foto: Reprodução
Na época, Abreu atuava como chefe de gabinete de Fernandes, que era o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. Os dois estão na lista do 40 indiciados pela suposta trama golpista.
No documento, a PF ressalta que, na mesma época, havia uma versão de uma minuta golpista que previa, entre outras medidas autoritárias, a prisão de Gilmar. O nome do ministro do STF foi posteriormente retirado, segundo o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, em acordo de delação premiada.
"Importante contextualizar que a foto foi enviada no mês de novembro de 2022, no período em que os investigados tinham elaborado a primeira versão da minuta de golpe de Estado que previa, dentre outras medidas de exceção, a prisão do ministro Gilmar Mendes, conforme depoimento prestado pelo colaborador Mauro Cesar Cid", afirma o texto.
Em depoimento à PF, Abreu optou por ficar em silêncio.
Vieira estava em Portugal para uma viagem a serviço, acompanhando um secretário da Secretaria-Geral em um evento. A PF, contudo, lista algumas suspeitas para a viagem. A primeira é de que a sua passagem foi emitida com apenas seis dias de antecedência. A outra era que Vieira era o único integrante da comitiva que não fazia parte da Secretaria Especial de Modernização do Estado, vinculada à Secretaria-Geral.
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