Alvo da operação que prendeu Joesley e vice-governador de MG se apresenta em SP

[caption id="attachment_149229" align="alignleft" width="300"] Empresário Joesley Batista deixa o Instituto Médico Legal (IML) Central de São Paulo após ser preso nesta sexta-feira (9) pela PF — Foto: Willian Moreira/Futura Press/Estadão Conteúdo[/caption] Alvo da operação que prendeu Joesley e vice-governador de MG se apresenta em SP Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário da dona da JBS, era um dos 3 alvos de mandados de prisão que ainda estavam soltos. Investigação apura suposto esquema no Ministério da Agricultura no governo Dilma Rousseff (PT) Por Cesar Menezes, TV Globo — São Paulo Ex-executivo do Grupo J&F se apresenta à Polícia Federal em São Paulo Um dos alvos da Operação Capitu se apresentou neste sábado (10) na sede da Polícia Federal (PF) em São Paulo. Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário do grupo dono da JBS é investigado por suspeita de envolvimento num suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo Dilma Rousseff (PT). Ele daria dinheiro de propina a políticos. Ao todo, a Justiça Federal determinou a prisão de 19 pessoas na operação, que é um desdobramento da Lava Jato. Dezessete estão presas. Entre elas estão o empresário Joesley Batista, dono da JBS, o ex-executivo do grupo Ricardo Saud e o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB). Florisvaldo chegou à PF em São Paulo por volta do meio dia acompanhado de seu advogado, Ricardo Freitas, num carro. O investigado saiu da sede da Polícia Federal para fazer exames de corpo de delito e voltou ao local, onde ficará preso na mesma ala de Joesley Batista e Ricardo Saud. O advogado Ricardo Freitas informou que Florisvaldo já levou à Justiça documentos necessários e que ficou surpreso com a prisão. A PF ainda aguarda apresentação de Waldir Rocha Pena, sócio do supermercado BH, que negocia se entregar, e procura o advogado Odo Adão filho, considerado foragido. [caption id="attachment_149230" align="alignleft" width="300"] Vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade — Foto: Caroline Aleixo/G1[/caption] PRESOS NA OPERAÇÃO CAPITU

  • Antonio Andrade, vice-governador de Minas e ministro da Agricultura de março de 2013 a março de 2014
  • Joesley Batista, sócio da J&F, dona da JBS
  • Ricardo Saud, ex-executivo da J&F
  • Demilton de Castro, ex-executivo da J&F
  • João Magalhães, deputado estadual pelo MDB de MG
  • Neri Geller, deputado federal eleito pelo PP de MT e ministro da Agricultura de março de 2014 a dezembro de 2015
  • Rodrigo Figueiredo, ex-secretário de Defesa Agropecuária
  • Mateus de Moura Lima Gomes, advogado
  • Mauro Luiz de Moura Araújo, advogado
  • Ildeu da Cunha Pereira, advogado
  • Marcelo Pires Pinheiro
  • Fernando Manoel Pires Pinheiro
  • Walter Santana Arantes, sócio dos supermercados BH e EPA
  • Claudio Soares Donato
  • José Francisco Franco da Silva Oliveira
  • Florisvaldo Caetano de Oliveira, funcionário da JBS
ALVOS DE MANDADOS QUE AINDA NÃO FORAM PRESOS
  • Waldir Rocha Pena, sócio do supermercado BH, que estaria no Uruguai
  • Odo Adão filho, advogado
Motivo das prisões Responsável pelas ordens de prisão, a desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 1ª, afirmou em despacho que os executivos do grupo J&F ocultaram "fatos relevantes" nas delações premiadas que firmaram com a Procuradoria Geral da República (PGR) e que, por esse motivo, foram detidos. Ao que parece, e à primeira vista, [os delatores] na verdade estão direcionando a atividade policial e investigatória para aquilo que lhes interessa revelar, ocultando fatos relevantes para o esclarecimento da atividade criminosa que se instalou no âmbito da administração pública federal" — Desembargadora Mônica Sifuentes O delegado da PF Mário Velloso, responsável pelas investigações, afirmou que os alvos de mandados de prisão estavam atrapalhando o trabalho dos policiais. "A gente tem elementos fortes de que os integrantes da organização criminosa estavam atrapalhando a coleta de provas pela Polícia Federal, por isso foram decretadas as 19 prisões — Delegado da PF Mário Velloso Os advogados de Joesley Batista afirmam que as investigações da operação começaram justamente a partir dos depoimentos do empresário e que não poderia ser preso em razão de o acordo de delação prever imunidade. O esquema, segundo a PF Batizada de Capitu, a operação é um desdobramento da Lava Jato e feita em conjunto com a Receita Federal. A operação é baseada na delação do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do MDB. Em sua delação, Funaro disse que a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, deu R$ 30 milhões para o MDB, sendo R$ 15 milhões para a Executiva Nacional e mais R$ 15 milhões para o diretório em Minas. O esquema operou entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015. O que aponta a investigação da PF, baseada na delação de Funaro: A JBS deu dinheiro para políticos do MDB e em troca foi beneficiada com medidas do Ministério da Agricultura; O esquema funcionou entre 2014 e 2015, no governo da presidente Dilma Rousseff; O então ministro, Antonio Andrade, integrante do MDB e hoje vice-governador de MG, foi indicado ao governo pelo grupo político de Eduardo Cunha para ajudar no esquema; Segundo a PF, a JBS pagou propina a Andrade, ao sucessor dele no ministério, Neri Geller, e ao então secretário de Defesa Agropecuária, Rodrigo Figueiredo; Foram R$ 7 milhões por duas medidas que eram do interesse da empresa: R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de carcaças de animais e R$ 5 milhões pela proibição de um remédio contra parasitas, a Ivermectina; Na eleição de 2014, a empresa pagou também R$ 30 milhões para ajudar candidatos aliados de Cunha. O objetivo era eleger esses deputados para que eles ajudassem Cunha a ser presidente da Câmara; A JBS repassou esse dinheiro a 6 escritórios de advocacia, que emitiram notas frias para simular uma prestação de serviço à empresa; Após ser lavado, o dinheiro foi distribuído da seguinte forma: R$ 15 milhões para o MDB nacional e outros R$ 15 milhões para o MDB de Minas Gerais; A rede de supermercados BH participava do esquema para fazer lavagem de dinheiro. Ela comprava carnes da JBS por um preço superior (superfaturamento) e também recebia pagamentos da JBS; O valor que “sobrava” (era pago a mais) era usado para pagar propina a políticos de MG. O dinheiro era entregue aos destinatários em malas e em caixas de sabão em pó e de sapato. Parte dos valores foi repassado como doação oficial na campanha de 2014. Se indiciados, os envolvidos vão responder pelos crimes de constituição, participação em organização criminosa, obstrução de Justiça, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Citados negam acusações A J&F Investimentos, holding que controla a JBS, informou por meio do advogado de Joesley Batista, André Callegari, que causa estranheza a decretação de prisão temporária. "Joesley Batista é colaborador da Justiça e tem cumprido à risca essa função. Portanto, causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração. A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários". Os advogados do deputado federal Neri Geller esclareceram que tão logo conheçam os motivos da prisão e o inteiro teor do processo irão se manifestar. Segundo a polícia, Walter Santana Arantes é ligado à rede de Supermercados BH. Ele também seria ligado à empresa DMA, que controla os Supermercados EPA. A rede EPA, citada pela PF no início da operação, afirmou que nunca participou de ações políticas, nem fez qualquer doação ilegal, principalmente que envolvesse qualquer troca de interesses políticos. Ainda segundo o EPA o nome da empresa não faz parte, em momento algim das delações realizadas ou dos autos de busca e apreensão. A defesa de Walter Santana Arantes informou que ele nunca foi sócio dos Supermercados BH e que os sócios são os filhos dele. O Supermercados BH informou que o cumprimento dos mandados de busca e apreensão deu-se de maneira tranquila e em ambiente de cooperação e normalidade. A empresa diz, ainda, que não foi possível conhecer a integralidade dos autos dos pedidos de medidas cautelares que determinaram tais diligências e que irá contribuir com as investigações. A assessoria do vice-governador Antônio Andrade informou que a defesa vai se manifestar quando tomar conhecimento do conteúdo do inquérito. Disse também que o vice-governador respondeu tudo o que lhe foi perguntado em depoimento em Uberlândia nesta sexta-feira (9) e colaborou com o trabalho da Polícia Federal. O Governo de Minas Gerais ainda não se posicionou sobre a prisão de Andrade. A defesa de Ricardo Saud informou que sua prisão causa perplexidade, "pois ele sempre esteve e permanece à disposição da Justiça, prestando depoimentos e entregando todos os documentos inclusive áudios necessários para corroborar suas declarações." O advogado Bruno Espiñeira disse que Lucio Funaro segue colaborando com a Justiça, no que for necessário. A reportagem ligou para o gabinete de João Magalhães (MDB), na ALMG, e as ligações não foram atendidas. O G1 também procurou a assessoria da ex-presidente da República, Dilma Roussef, que não vai se posicionar sobre a operação. O Ministério da Agricultura não vai se pronunciar. O advogado Délio Lins e Silva Jr., que representa Eduardo Cunha, disse por meio de nota que “aparentemente, o castelo de cartas de Joesley Batista começa a desmoronar. A história é fantasiosa e, mais uma vez, a palavra sem valor desse delator não vem acompanhada de nenhuma prova. Dessa vez, pelo menos, a Polícia Federal e o Poder Judiciário começam a perceber a farsa. Eduardo Cunha tem convicção de que, ao final, será excluído dessa investigação.” O advogado de Rodrigo Figueiredo afirmou que vai se pronunciar ainda nesta tarde.

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