Cogerh autoriza usos alternativos da água do Canal do Trabalhador
RECURSOS HÍDRICOS
No município da Região Metropolitana de Fortaleza, os dois equipamentos de abastecimento hídrico se unem e prosseguem até o Complexo Portuário do Pecém, com as águas do Rio Jaguaribe e do Açude Castanhão
Construído em 1993 para suprir demanda da Capital e sua Região Metropolitana, canal agora serve à zona rural
Russas. Existem ao longo do Canal do Trabalhador, no trecho entre as cidades de Itaiçaba e Aracati, no Vale do Jaguaribe, dezenas de sifões que retiram água do canal e segue para algumas comunidades e fazendas. Por serem ligações artesanais, aparentemente parecem clandestinas. Porém, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) afirmou que a prática é regulamentada e fiscalizada pelo órgão. Com a fartura d\'água passando há alguns metros de sua porta, dona Maria de Lourdes é uma das moradoras beneficiadas com o Canal do Trabalhador, inaugurado em 1993.
O eixo de integração capta água do Rio Jaguaribe, no município de Itaiçaba, e transporta por um trecho de 102km até o seu destino final, no Açude Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza. Apesar de farta, a água não é para consumo o humano, já que é bruta, sem tratamento, onde é utilizada apenas para atividades domésticas como lavar roupa, lavar a louça, e para manter uma agricultura de subsistência, com a criação de pequenos animais.
Para isso a agricultora conta que teve que fazer um cadastro junto à Cogerh para receber a água, pagando uma taxa de R$ 20,00 para o consumo. Mas, para isso, ela e o esposo tiveram que arcar com a compra de 700 metros de canos, para trazer a água até a sua casa. Para beber e fazer a comida, Lourdes conta com uma cisterna, proveniente de programas federais de combate à seca.
Captações
Nesse período de chuva, ela procura armazenas água para não deixar faltar. É de competência das Prefeituras o tratamento desta água para abastecimento humano. De acordo com o coordenador técnico da Gerência Metropolitana da Cogerh, Cláudio Gesteira, ao longo do canal existe várias captações administradas por Prefeituras, pelo Sistema Rural de Abastecimento (Sisar) e pela Cagece. Em casos de comunidades onde não há nenhuma destas alternativas, a Cogerh permite que moradores retirem água do canal, mediante um cadastramento com a referida outorga.
"Nestes casos os usuários recebem recomendação da Cogerh de buscar junto às Prefeituras os meios para o tratamento da água", afirmou o coordenador.
Categorias de usos
Ao longo do canal há todas as categorias de uso (abastecimento, agricultura de subsistência e empresas) sendo que o tratamento se dá de acordo com as necessidades de utilização.
Ainda de acordo com o coordenador, todos os usos ao longo do canal são passíveis de outorga e cobrança, conforme estabelece a Legislação Estadual dos Recursos Hídricos.
"Existe norma legal que estabelece o valor para cobrança de acordo com a categoria de uso. A cobrança ocorre desde que o valor a ser cobrado supere os custos para a arrecadação destes valores, como boleto, correios, taxas bancárias, etc", detalha.
Sobre a fiscalização para impedir a retirada de água de forma clandestina, Gesteira informou que uma equipe da própria Cogerh percorre a região e detém o conhecimento de todos os pontos de captação.
O Canal do Trabalhador beneficia os municípios de Itaiçaba (onde se inicia), Aracati, Palhano e Fortim. Todos os distritos destes municípios situados próximos ao canal são abastecidos. Sem considerar as sedes, pelo menos 10.000 pessoas são atendidas com o abastecimento.
Atualmente, a vazão utilizada no canal é de 5m³ por segundo. "O canal tem 21 anos de uso e continua a funcionar normalmente. A demanda hoje pede que sua operação ocorra no trecho completo, contribuindo assim para suprir a Grande Fortaleza com aporte de 5.000 litros por segundo em média", ressalta Gesteira.
Mais informações
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Adualdo Batista, 1550
Parque Iracema, Fortaleza Telefone: (85) 3218.7020
Encontro com Eixão ocorre em Pacajus
Russas. O Canal do Trabalhador encontra o Eixão das Águas apenas em seu destino final, na cidade de Pacajus. Sua fonte hídrica e seu percurso são diferentes das do Eixão, ou Canal da Integração, como é conhecido. O primeiro tem como fonte de captação de água o Rio Jaguaribe, na cidade de Itaiçaba, percorrendo as localidades de Palhano, Itaiçaba, Beberibe e Aracati.
Já o Eixão faz a captação diretamente do Açude Castanhão, percorrendo o Vale do Jaguaribe até a Região Metropolitana de Fortaleza, bem como até o Complexo Portuário do Pecém, fazendo a integração das bacias hidrográficas do Jaguaribe e
Região Metropolitana.
O Canal do Trabalhador foi construído em 1993, parar livrar a Capital de um colapso no abastecimento de água. O Canal da Integração começou a ser construído (O Trecho I), em 2004, para reforçar o abastecimento da Região Metropolitana.
O Eixão está dividido em cinco trechos. Por possuir mais de duas décadas, o Canal do Trabalhador necessita de manutenção diariamente, com operações ininterruptas, com o objetivo de manter o equipamento ativo, só interrompendo sua operação em casos extremos, como o de grandes reparos.
"O canal está em bom estado. Com certeza, os 21 anos e a metodologia de construção não é mais a mesma atualmente empregada, mas o Canal do Trabalhador consegue cumprir com galhardia sua missão. Não existe justificativa técnica e financeira para uma reforma, a ponto de modificar seus detalhes construtivos para o padrão do Eixão", informou o coordenador técnico da Gerência Metropolitana da Cogerh, Cláudio Gesteira.
Ambas as transposições contribuem para o desenvolvimento das regiões no entorno, especialmente as comunidades rurais. Ao longo do Canal do Trabalhador a pequena e média agricultura garante água todo o ano para manter a produção.
Ellen Freitas
Colaboradora
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