Bolsonaro atacou imprensa ao menos 68 vezes em 2021, aponta levantamento; relembre casos
Mulheres foram vítimas em mais que o dobro dos casos em relação aos homens nos ataques diretos aos profissionais de imprensa
Rodrigo Castro
Jair Bolsonaro se irrita com imprensa ao ser perguntado sobre uso de máscara Foto: Reprodução
Monitoramento preliminar da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo mostra que profissionais mulheres foram as vítimas no dobro dos episódios em comparação aos homens
RIO - O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou a imprensa ao menos 68 vezes entre janeiro e e a primeira quinzena de dezembro de 2021, conforme levantamento preliminar da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) em parceria com a rede Voces Del Sur. As ofensivas envolvem discursos estigmatizantes, agressões e ataques e restrições de acesso à informação.
Segundo o monitoramento, que será revisado após o fim do ano e pode sofrer alterações, as mulheres foram vítimas em mais que o dobro dos casos em relação aos homens nos ataques diretos aos profissionais de imprensa. Ao todo, foram sete episódios contra mulheres e três envolvendo homens.
As ofensivas à imprensa como um todo ou a algum meio de comunicação representaram 61 casos. Em 33 dos alertas, o ataque teve origem ou repercussão nas redes sociais. O levantamento monitora plataformas digitais, alertas de notícias com palavra-chave e denúncias de jornalistas.
Se somados os ataques realizados por outros integrantes da família Bolsonaro com cargos eletivos e por assessores especiais do presidente, o número sobe para 173 agressões contabilizadas até o dia 15 deste mês. O valor representa 48% dos ataques gerais registrados no mesmo período.
Relembre alguns episódios:
Agressão de seguranças na Bahia
Uma equipe da TV Bahia, afiliada da TV Globo, foi agredida este mês por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante a visita do chefe do Executivo às cidades atingidas pelos temporais no extremo sul baiano. A repórter Camila Marinho e o cinegrafista Cleriston Santana foram impedidos de se aproximar do presidente com uso de força e golpes como "mata-leão".
Viagem a Roma para G-20
Bolsonaro hostilizou jornalistas brasileiros, que também foram agredidos por seguranças presidenciais e agentes do Estado italiano, durante viagem do presidente a Roma para participar da cúpula do G-20. Os repórteres receberam socos e empurrões, tiveram celular tomado e tratados com desrespeito. Profissionais de veículos como O GLOBO, Folha de S. Paulo, UOL e BBC News Brasil também foram ameaçados.
Bolsonaro chama repórter de idiota
Após particicpar da inauguração da duplicação do trecho da BR-101 que liga a Bahia ao Sergipe, o Bolsonaro se irritou com a pergunta de uma jornalista que o questionou sobre uma foto em que ele aparece segurando um cartaz de um CPF "cancelado", expressão usada no jargão policial para mortes ou execuções. Disse o presidente: "Você não tem o que perguntar, não? Deixa de ser idiota".
'Cala a boca'
Em evento em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, em junho, Bolsonaro mandou uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, calar a boca após ser indagado sobre o fato de ter chegado ao local sem máscara. Na ocasião, o Brasil atingia o patamar das 500 mill mortes por Covid-19.
— Parem de tocar no assunto. (Tira a máscara) Você quer botar… Me bota agora… Vai botar agora… Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa — disse o presidente.
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