Equipes de resgate encontram três corpos dentro de balsa que afundou

Autoridades dizem que número de mortos e desaparecidos pode ir a 302.

Os serviços de resgate localizaram mais três corpos neste sábado (19) (horário local) dentro da balsa que naufragou na última quarta-feira no litoral da Coreia do Sul, sem que ainda tenham sido capazes de recuperá-los, informou a polícia marítima, segundo informações da agência de notícias EFE. Os corpos foram descobertos por mergulhadores que conseguiram entrar no navio durante as buscas por encontrar os mais de 270 desaparecidos.

Trata-se dos primeiros corpos localizados dentro do "Sewol", que está tombado sobre o mar a 30 metros de profundidade. No entanto, a guarda litorânea sul-coreana explicou que os mergulhadores estão tendo problemas para retirar os corpos, que estão com coletes salva-vidas, informou a agência Yonhap.

As grandes ondas, as fortes correntes e a nula visibilidade sob a água, fatores que unidos à chuva e ao vento no exterior, dificultaram extremamente as operações com as quais se tenta resgatar os quase 300 passageiros que poderiam ter ficado presos dentro da embarcação.

As autoridades avaliaram em 302 o número de mortos ou desaparecidos enquanto foram recuperados um total de 29 corpos. Além disso, sobreviveram até o momento 174 pessoas.

Capitão preso
O capitão e outros dois membros da tripulação da balsa que naufragou nesta quarta-feira (16) na Coreia do Sul foram presos na madrugada deste sábado (19) no país, ainda sexta-feira (18) no horário do Brasil. Lee Joon-Seok, capitão da embarcação, enfrenta cinco acusações, incluindo negligência e violação do direito marítimo, destacou a agência.

Promotores acreditam que tanto o capitão como os dois tripulantes infringiram a lei ao saírem do barco no início do resgate, sem levar em conta a segurança da maioria dos 475 passageiros a bordo, de acordo com a agência Efe.

Um suboficial, e não o capitão, pilotava a balsa no momento da tragédia em águas sul-coreanas há dois dias, informou a Justiça nesta sexta-feira (hora local).

"Era o terceiro-tenente que estava no comando no momento do acidente", declarou o procurador-geral Park Jae-eok, em entrevista coletiva. "O capitão não estava no leme", revelou.

Violentamente criticado pelas famílias dos desaparecidos por abandonar a embarcação quando centenas de passageiros estavam presos, o capitão Lee Joon-seok estava "na popa", acrescentou o procurador.

As causas do acidente ainda são desconhecidas. Vários passageiros disseram ter ouvido um forte ruído, quando a balsa parou de repente. Isso pode significar que o barco encalhou, batendo no fundo, ou que se chocou contra algum objeto submerso.

Alguns especialistas também sugerem que a carga da balsa , que transportava 150 veículos, tenha se deslocado e desequilibrado a embarcação. O capitão garantiu que não bateu em rocha alguma.

Cercado pela imprensa na sede da Guarda Costeira, ele pediu desculpas nesta quinta. "'Sinto muito, de verdade, pelos passageiros, pelas vítimas e pelas famílias", declarou.

As investigações sobre o naufrágio, o pior acidente marítimo da Coreia do Sul em 21 anos com base em possíveis vítimas, têm-se centrado sobre a possível negligência da tripulação, problemas com a estiva da carga e defeitos estruturais do navio, embora a embarcação tenha passado todas as suas verificações de segurança e de seguros.

Vice-diretor se suicida
O vice-diretor da escola sul-coreana Danwon, que acompanhava os alunos do ensino médio na viagem do barco que naufragou cometeu suicídio, disse a polícia nesta sexta-feira (18). Kang Min-Gyu, de 52 anos, foi encontrado morto enforcado pelo cinto em uma árvore que fica do lado de fora do ginásio da cidade portuária de Jindo, onde parentes dos alunos desaparecidos estão reunidos.

A polícia disse que Kang não deixou uma nota de suicídio e que eles começaram a procurá-lo depois que ele foi dado como desaparecido por um professor. Ele havia sido resgatado da balsa naufragada. "Quando eu soube do acidente ainda tinha esperança", disse Cho Kyung-mi, que espera por notícias de seu sobrinho de 16 anos. "Agora está tudo acabado."

Nas salas de aula dos desaparecidos, os colegas não deixaram mensagens em mesas, quadros e janelas, pedindo o retorno seguro de seus amigos desaparecidos. "Se eu te ver de novo, vou te dizer que eu te amo, porque eu não disse a você o suficiente", diz uma das mensagens.

Do G1, em São Paulo