Balsa que naufragou na Coreia do Sul mudou de rota, dizem autoridades
Pelo menos nove pessoas morreram e 290 estão desaparecidas.
A balsa que naufragou ontem na Coreia do Sul e que ainda tem cerca de 290 passageiros desaparecidos fez um desvio e uma mudança brusca na rota recomendada, informou nesta quinta-feira (17) a Guarda Costeira do país, o que poderia trazer novos elementos sobre as possíveis causas de um acidente que comoveu os coreanos e no qual morreram nove pessoas, segundo novos dados oficiais.
Após interrogar o capitão e outros membros da tripulação, funcionários da Guarda Costeira sul-coreana informaram à imprensa do país que a balsa com 475 passageiros, a maioria estudantes, fez um desvio na rota recomendada pelo governo entre o porto de Incheon, no noroeste do país, e a ilha de Jeju, no sul.
Além disso, segundo as autoridades, o barco teria realizado uma mudança brusca de direção ao invés de girar de forma gradual nas águas do litoral sudoeste da Coreia do Sul.
Essa mudança poderia ter causado o deslocamento de parte da carga, o que teria desequilibrado a balsa e provocado o acidente, segundo uma nova hipótese de especialistas que ainda não foi verificada.
Os sobreviventes relataram que por volta das 9h locais (21h de Brasília da terça-feira) foi possível ouvir um forte estrondo no navio, que foi tombando pouco a pouco até afundar quase totalmente cerca de duas horas depois.
As primeiras avaliações sobre o acidente afirmam que a balsa Sewol colidiu com uma rocha ou um recife submarino, o que teria partido seu casco e provocado a entrada de água, mas várias outras hipóteses foram ventiladas sobre os motivos do naufrágio.
Em todo caso, o governo sul-coreano anunciou ontem que não começará as investigações, nem vai oferecer conclusões, até que sejam concluídos os trabalhos de resgate.
Mais de 500 mergulhadores continuam nesta quinta com as buscas pelos 287 desaparecidos que teriam ficado presos na embarcação, com poucas chances de que haja algum sobrevivente, enquanto o número de mortos confirmados chegou a nove e o de resgatados com vida a 179.
"Temo que existam poucas chances de encontrarmos com vida aqueles que ainda estão presos dentro da balsa", disse Cho Yang-Bok, um dos coordenadores das tarefas de resgate, em entrevista à emissora YTN.
Durante a noite, os mergulhadores, incluindo um grupo das forças especiais sul-coreanas, ainda inspecionavam o navio com a ajuda de uma iluminação especial para tentar encontrar sobreviventes.
Do total de passageiros, 325 eram alunos do ensino médio de um instituto de Ansan, na periferia de Seul, que estavam em uma viagem escolar para a ilha turística de Jeju.
O naufrágio pode se tornar uma das piores tragédias humanas da Coreia do Sul caso não sejam encontrados mais sobreviventes. Em 1993, um acidente similar com uma embarcação no litoral oeste do país deixou 292 mortos.
Familiares
Os familiares das vítimas expressaram sua raiva e indignação nesta quinta contra o governo, a quem acusam de ter procedido mal nos trabalhos de resgate, além de oferecer informações incorretas.
Os parentes das vítimas receberam o primeiro-ministro sul-coreano, Chung Hong-won, com uma chuva de protestos quando este chegou na cidade de Jindo, no litoral sudeste do país, para se reunir com eles, informou o jornal local "Korea Herald".
Os familiares estavam irritados com o atraso nos trabalhos de resgate, já que o naufrágio se prolongou durante duas horas e, mesmo assim, apenas 179 passageiros foram salvos.
A indignação também foi motivada pelos diferentes números divulgados por parte das autoridades de Seul durante as primeiras 12 horas do acidente, pois as informações oficiais variaram muito e, inclusive, despertaram falsas esperanças ao ser veiculado em um determinado momento que o número de desaparecidos era inferior ao atual.
Os sobreviventes, por sua vez, criticaram o que pode ter sido uma grave imprudência por parte da tripulação do navio, que ordenou aos passageiros permanecerem em seus assentos ao invés de iniciar os procedimentos de salvamento durante aproximadamente uma hora, depois que um estrondo foi ouvido e seguido pelo início do afundamento.
Da EFE
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