Hamilton: no braço e com recorde, uma pole histórica no Hungaroring
Com uma volta espetacular no fim do Q3, o inglês cravou sua nona pole no GP da Hungria e quebrou o recorde
Após 594 dias, desde o GP da Arábia Saudita de 2021, heptacampeão quebra sequência de cinco poles de Max Verstappen por três milésimos. Inglês vai largar pela nona vez na frente na Hungria
Voando Baixo — Rio de Janeiro
Fazia muito tempo. 33 GPs. Exatos 594 dias. Desde o dia 4 de dezembro de 2021, na classificação para o inaugural GP da Arábia Saudita. Esse era o tamanho do jejum de poles do heptacampeão Lewis Hamilton. De lá para cá o regulamento técnico da Fórmula 1 mudou, com a volta do efeito-solo, a equipe dominante passou a ser a RBR e a Mercedes entrou em uma enorme crise de desempenho, com a aposta em um projeto ousado e eficiente nas simulações de computador, mas que se revelou um fiasco dentro da pista. Alguns brilharecos neste caminho enganaram os dirigentes da equipe alemã e atrasaram ainda mais uma possível reação. O abandono do conceito do zeropod parece ter indicado um caminho promissor para o futuro. As atualizações funcionaram. E o braço de Hamilton entrou em cena neste sábado: com uma volta espetacular no fim do Q3, o inglês cravou sua nona pole no GP da Hungria e quebrou o recorde - que já era dele - de mais poles em um mesmo circuito na F1.
Foto: Steve Etherington/Mercedes-AMG
Lewis Hamilton cruza a linha de chegada para marcar sua nona pole no GP da Hungria neste sábado no Hungaroring — Foto: Jiri Krenek/Mercedes-AMG
Lewis Hamilton comemora a nona pole position no GP da Hungria, obtida neste sábado no Hungaroring — Foto: Steve Etherington/Mercedes-AMG
A expressão abalada de Max Verstappen após perder a pole do GP da Hungria para Lewis Hamilton — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
De pneus duros, George Russell foi um dos eliminados no Q1 da classificação do GP da Hungria — Foto: Mark Thompson/Getty Images
Lando Norris e Lewis Hamilton se abraçam após a classificação para o GP da Hungria, no Hungaroring — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
Carlos Sainz volta aos boxes da Ferrari após marcar apenas o 11º tempo na classificação na Hungria — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
Max Verstappen e Lewis Hamilton se cumprimentam após a classificação para o GP da Hungria — Foto: Remko de Waal/ANP via Getty Images
De quebra, Hamilton quebrou uma sequência de cinco poles seguidas de Max Verstappen em 2023. O holandês, sem dúvidas, é o grande piloto do campeonato, tem o melhor carro - o sensacional RB19 projetado por Adrian Newey - e vinha em uma sequência avassaladora nas classificações e também nas corridas: são oito vitórias em 10 GPs, sendo seis delas consecutivas. O que só aumenta o nível de dificuldade do feito do inglês da Mercedes neste sábado. Hamilton superou Verstappen por ínfimos três milésimos para chegar à 104ª pole de sua carreira. Absolutamente no detalhe. O atual bicampeão e líder do campeonato vai largar na segunda posição do grid de largada, algo que também não acontecia desde 2021, só que desde o fatídico GP de Abu Dhabi, a última prova daquele ano, que decidiu o título de forma polêmica a favor do holandês da RBR.
Uma detalhe que impressionou bastante após a classificação foi a decepção de Verstappen na entrevista dos três primeiros colocados, comandada neste sábado pela ex-piloto americana Danica Patrick. Líder do campeonato com uma vantagem de 99 pontos e vencedor de oito das dez corridas do ano até agora, o holandês ficou bem abalado pela perda da pole position na Hungria para o velho rival. É verdade que ele sempre demonstra incômodo quando não consegue o resultado esperado, mas a reação neste sábado estava bem mais intensa que o normal. Verstappen parecia bem contrariado em ter perdido a primeira posição do grid, ainda que soubesse que, em ritmo de corrida, a RBR tem ampla vantagem sobre a Mercedes, como vimos ao longo de toda a temporada. Por tudo isso e por tudo o que vimos em 2021, a largada promete bastante no Hungaroring, com os velhos rivais lado a lado para o contorno da curva 1.
Vale lembrar também que a classificação da Hungria marcou a estreia de uma novidade: atendendo a pedidos da Pirelli, fornecedora de pneus da Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) testou um novo formato de alocação dos compostos. Em nome da sustentabilidade, as equipes receberam apenas 11 - em vez dos tradicionais 13 - jogos de pneus slicks para o fim de semana. E na classificação, os pilotos foram obrigados a correr com duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3. Isso causou uma maior variação no grid, com resultados diferentes de pilotos de mesmas equipes. A Mercedes, por exemplo, teve a pole de Hamilton, mas George Russell apenas em 18º, eliminado no Q1. Já RBR colocou Verstappen em segundo e Pérez em nono. O formato não agradou equipes e pilotos, mas trouxe imprevisibilidade. Ao menos na estreia.
Quem não sofreu nem um pouco com isso foi a McLaren. Mesmo com o pacote aerodinâmico bem-sucedido estreado em Silverstone, a equipe inglesa não esperava um resultado tão bom no Hungaroring. Afinal, o MCL60 ainda tinha deficiências em curvas de baixa velocidade, predominantes no circuito húngaro. Mas Lando Norris e Oscar Piastri trataram de contrariar as expectativas ruins. Passaram com tranquilidade pelo Q1 e pelo Q2. E no Q3, Norris marcou o terceiro melhor tempo, uma posição à frente do companheiro australiano. Um grande resultado para a equipe inglesa, que conseguiu mudar seu desempenho com um bom trabalho de seu time de engenheiros e entregar um carro bem superior ao do início do ano nas mãos de sua excelente dupla de pilotos.
Só que a grande surpresa deste sábado, sem sombra de dúvidas, foi o desempenho da Alfa Romeo: Zhou Guanyu conseguiu sua melhor posição em classificações desde sua estreia na Fórmula 1, o quinto lugar. E Valtteri Bottas vai largar duas posições atrás, em sétimo. A segunda pior equipe da temporada 2023 levou atualizações para o C43 em Silverstone. Se na Inglaterra elas não funcionaram, parece que casaram muito bem com o Hungaroring e proporcionaram um carro extremamente equilibrado para sua dupla de pilotos. É claro que, para a corrida, a situação é mais complicada. Mas vale lembrar que o circuito húngaro é de difícil ultrapassagem. E o calor deve estar ainda mais forte que na classificação deste sábado. Será uma corrida de sobrevivência.
As decepções do dia ficaram por conta dos desempenhos de Ferrari e Aston Martin. A equipe italiana ainda conseguiu colocar o monegasco Charles Leclerc na sexta posição, mas acabou superada por um dos carros da cliente Alfa Romeo no grid, o do chinês Zhou Guanyu. O espanhol Carlos Sainz sequer avançou ao Q3: ficou apenas em 11º. Mais um vexame para a lista do time vermelho em 2023. Já a Aston Martin teve Fernando Alonso em oitavo e Lance Stroll apenas em 14º. É impressionante como a equipe inglesa decaiu desde a estreia do extenso pacote aerodinâmico no GP do Canadá. Deixou de brigar para ser a segunda força para ficar constantemente atrás de Mercedes e McLaren, que cresceu. O time de Lawrence Stroll, infelizmente, parece ter estagnado em termos de desempenho na temporada 2023. E os resultados comprovam isso a cada fim de semana.
Para a corrida deste domingo, apesar da pole de Lewis Hamilton, o favoritismo, claro é da RBR e de Max Verstappen. O heptacampeão conseguiu extrair velocidade do W14 da Mercedes em volta lançada, mas ainda é muito complicado enfrentar o RB19 da equipe austríaca em ritmo de corrida. A vantagem, por exemplo, da asa móvel do modelo projetado por Adrian Newey ainda é muito grande e pode facilitar uma ultrapassagem, ainda que a zona de uso da asa móvel seja relativamente pequena - apenas na reta dos boxes. E vale lembrar que o calor e o desgaste de pneus também serão fatores interessantes para a prova no Hungaroring. E, se eu fosse vocês, ficaria de olho na largada. Promete
. https://ge.globo.com/motor/formula-1/blogs/voando-baixo/post/2023/07/22/hamilton-no-braco-e-com-recorde-uma-pole-historica-no-hungaroring.ghtml
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